segunda-feira, 08 de julho de 2024

Brasil

Felpo Filva: Um livro infantil que deveria ser distribuído à adultos

POR Jornal Somos | 05/08/2018
Felpo Filva: Um livro infantil que deveria ser distribuído à adultos

Reprodução/Editora Moderna

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Felpo Filva é um daqueles livros curtos e infantis que contém vários tipos de texto, usado por professores para o ensino de uma nova parte da língua portuguesa para seus pequenos alunos. Essa é a premissa principal do livro. Porém, o que ele entrega é algo extremamente superior a isso: ele traz uma história sobre lidar com críticas, diferenciando as construtivas das destrutivas e sobre a importância de se incluir no meio social. Lições tão valiosas, que mesmo que pareçam bobas, vários indivíduos considerados adultos não conseguiram aprender e precisariam de um auxílio tão valioso como a leitura desse pequeno exemplar.

 

A sinopse é a seguinte: "Esta é a história do Felpo, um coelho poeta um pouco neurótico. Um dia, ele recebeu a carta de uma fã que discordava dos seus poemas, a Charlô. Ele ficou muito indignado e isso deu início a uma troca de correspondências entre eles". Em resumo, Felpo foi um jovem coelho que sofreu bullying na escola por ter uma orelha maior que a outra e ao crescer e não conseguir resolver esse "problema", mesmo com o uso de um aparelho que prometia solucionar a frustração do pequeno, resolveu se isolar da sociedade e escrever livros. Sempre recebeu muitas cartas de fãs, mas nunca as leu.

 

Na primeira vez que ele pega uma carta que chama a sua atenção, a carta em questão é de Charlô, uma coelha que admite ser fã dele mas acha os finais dos livros do famoso escritor muito pessimistas, sugerindo um novo final para seus livros. Muito bravo, ele responde a carta da fã e após isso, eles começam a trocar cartas frequentemente, até se encontrando para conversar e enquanto isso, eles se aproximam e o Felpo consegue finalmente resolver seus problemas emocionais desenvolvidos pelas situações que passava na infância.

 

Conheço uma pessoa que leu esse livro aos 10 anos e compreendeu a mensagem, mas não entendia a profundidade do assunto, retirando apenas a ponta do iceberg da narrativa, além de um conhecimento dos tipos de texto. Em um desses dias, enquanto eu conversava com ela e mencionei sobre o primeiro livro que ela leu, a pessoa me contou que foi ele e ao finalmente relembrar da história com a nova mente adquirida nos últimos anos de experiência, ela se emocionou. Me indicou o livro e ao ler, percebi que exatamente o que significava a comoção dela. Mais do que um livro de primário, esse é um livro que ensina algo enorme para os dois tipos de envolvido: O primeiro tipo é a pessoa que não aceita críticas aprende que mesmo que existam várias pessoas mal intencionadas e tóxicas desejando apenas um passo em falso para destuir, ainda existem pessoas que fazem críticas na intenção de te ajudar a se aprimorar. O segundo tipo é a pessoa que critica a pessoa pelo o que ela é (no caso, as pessoas que praticavam bullying com Felpo, que apenas possuia uma orelha maior que a outra, algo imutável e natural, podendo ser uma metáfora para as críticas por orientação sexual, cor de pele ou sexo), passando a lição de que críticas podem afetar uma pessoa tão profundamente, que a limite de ser feliz e satisfeita com si mesma.

 

Esse livro se encaixa bem na recente regressão que o senso comum vem tendo, com ataques de homofobia, neonazistas e machistas que ainda persistem em manter o pensamento arcaico, se recusando a aceitar que a liberdade é um pilar da cidadania. Um livro que além de gramática, ensina a viver em sociedade.

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