Conversamos com Wallace da Silva de Almeida sobre o assunto

O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) registrou uma alta de 1,43% nos preços para famílias de baixa renda (1 a 5 salários mínimos), a maior para o mês desde 1995, fechada em 2,15%. O aumento em relação ao mês passado foi de um ponto percentual.

É a primeira vez desde Janeiro de 2016 que o índice fecha em mais de 1%. Com isso, a alta acumulada desde o início do ano é de 2,57%, muito acima dos 1,12% referentes ao mesmo período do ano passado.

Em junho de 2017, o índice tinha fechado em deflação (inflação negativa) de 0,40%.

‘’Os alimentos e bebidas foram os indicadores de preços que mais impactaram na constituição do índice geral de preços (inflação) no mês de junho, representando cerca de 0,50% da composição da taxa de inflação para o mês de junho. No caso dos alimentos, os itens com maior nível de altas de preço registradas em junho foram o leite longa vida (15,63%) e o frango inteiro (8,02%). Entre as causas prováveis que explicam a elevação do índice inflacionário estão a greve dos caminhoneiros, que impacta diretamente tanto nos custos de operação dos produtores do setor de alimentos, quanto na disponibilidade de oferta nos mercados locais, o que provocou impacto sobre os preços dos produtos nas gôndolas dos supermercados", explica o professor universitário e economista Wallace da Silva de Almeida.

E complementa, "Por outro lado, segundo a teoria econômica apresentada por meio da curva de Philips, inflação e taxa de desemprego exibem relação inversa. Ou seja, quanto menor for a taxa de inflação maior o nível de desemprego. Logo, cabe ao governo central identificar um ponto de equilíbrio na operação da política econômica a fim de viabilizar melhora nos indicadores de empregabilidade sem permitir que a inflação saia do controle, notadamente com relação a composição da taxa de inflação. Contudo, no ano de 2018 passaremos por eleições e não vejo no atual governo forças para aprovar as medidas estruturais necessárias para fornecer suporte ao crescimento e desenvolvimento econômico sustentável de longo prazo. A perspectiva diante do cenário político que se apresenta é de fragmentação na obtenção de votos e dificilmente um único candidato conseguirá agregar toda a base de sustentação no congresso nacional para promover as reformas estruturais que precisamos. Se essas expectativas se confirmarem, a tendência é de que a histórica vulnerabilidade externa da economia brasileira continue gerando impactos adversos internamente’’.

Além disso, outros fatores que influenciam diretamente na vida dos consumidores que apresentaram significativa elevação no nível de preços no mês de junho são: energia elétrica (em média, 7,93% mais cara - bandeira tarifária vermelha nível 2), gasolina (em média 5% mais cara) e etanol (4,22% mais caro em média).

O INPC se refere à variação de preços junto a famílias de baixa renda, abrangendo dez regiões metropolianas, além de Brasília, Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luiz e Aracaju. A tabela completa pode ser conferida aqui.

Fonte EBC