Entrou em vigor nesta quarta-feira (27) o tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos indianos, medida determinada pelo presidente Donald Trump. A sanção, que inicialmente era de 25%, foi ampliada após a Índia manter compras de petróleo russo durante a guerra na Ucrânia, aproveitando o momento em que o combustível estava desvalorizado.

De acordo com o vice-presidente norte-americano, James David Vance, a decisão faz parte de uma estratégia para pressionar o presidente russo Vladimir Putin. “O presidente aplicou uma alavancagem econômica agressiva, por exemplo, as tarifas secundárias sobre a Índia, para tentar dificultar o enriquecimento dos russos com sua economia petrolífera. Ele tentou deixar claro que a Rússia pode ser reincorporada à economia mundial se eles pararem com a matança. O presidente aplicou mais pressão econômica do que Biden em três anos”, afirmou Vance em entrevista à NBC News.

A medida, no entanto, gerou forte reação do primeiro-ministro indiano Narendra Modi, que classificou a decisão de Trump como uma “política do egoísmo econômico”. Modi ainda prometeu proteger os setores mais vulneráveis, como agricultores, pequenas empresas e produtores de laticínios, destacando que seu governo atuará para minimizar os impactos da sanção.

📉 Impasse nas negociações

Apesar de cinco rodadas de negociações, os EUA e a Índia não chegaram a um acordo comercial. O principal entrave é a resistência indiana em abrir determinados setores do mercado interno para importações americanas mais baratas, o que poderia comprometer a subsistência de milhões de trabalhadores locais.

Em 2024, o comércio bilateral alcançou US$ 129 bilhões, mas os EUA registraram um déficit de US$ 45,7 bilhões nesse intercâmbio, segundo dados do Escritório do Representante Comercial norte-americano.

O jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ) revelou que Trump tentou, por quatro vezes nas últimas semanas, falar por telefone com Modi, mas o premiê indiano se recusou a atender.

A Índia, que integra o Brics ao lado de Brasil, Rússia e China, vem sendo acusada por Trump de atuar contra os interesses estratégicos dos EUA. O aumento da tarifa intensifica as tensões não apenas entre os dois países, mas também no cenário econômico global.