quarta-feira, 16 de julho de 2025
O governo dos Estados Unidos anunciou a abertura de uma investigação para apurar se políticas e práticas adotadas pelo Brasil estão prejudicando o comércio norte-americano. A decisão foi divulgada pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) e tem como base um regulamento que permite medidas retaliatórias, como tarifas e restrições comerciais, contra países que adotam práticas consideradas desleais.
Segundo o representante Jamieson Greer, a investigação foi determinada pelo presidente Donald Trump e acompanha a imposição de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros, com início previsto para 1º de agosto, caso não haja acordo até lá.
O documento que embasa a decisão americana aponta uma série de temas: uso do sistema de pagamentos PIX, comércio digital, combate à pirataria, proteção à propriedade intelectual, subsídios injustos, desmatamento ilegal, barreiras ao etanol americano e até retaliações contra redes sociais. A famosa Rua 25 de Março, em São Paulo, foi citada como exemplo de local com comércio persistente de produtos falsificados.
O texto também questiona o papel do governo brasileiro na fiscalização e diz que as ações não resultam em punições efetivas. Além disso, acusa o Brasil de discriminar empresas dos EUA e de restringir a atuação das big techs, o que teria impacto direto na competitividade de companhias norte-americanas.
A crise comercial acontece em meio a tensões políticas. Em recente carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Trump já havia sinalizado a medida e aproveitou para criticar decisões do Supremo Tribunal Federal contra conteúdos de teor golpista nas redes sociais.
A situação ganhou contornos políticos internos. O ex-presidente Jair Bolsonaro agradeceu publicamente o apoio de Trump e afirmou que não pediu as tarifas, mas entende a reação do governo americano como resposta à atual gestão brasileira. Bolsonaro também disse estar disposto a negociar pessoalmente a redução das taxas com Trump, desde que consiga reaver seu passaporte.
Enquanto isso, Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, articula nos Estados Unidos apoio a sanções contra o Brasil. O deputado criticou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, por tentar dialogar com autoridades americanas. A divergência entre os dois ocorre em meio à disputa por uma possível candidatura presidencial em 2026, mas Bolsonaro afirma que já solucionou o conflito com Tarcísio.
O agronegócio brasileiro, setor fortemente afetado pela tarifa, teme prejuízos com cargas já em trânsito para os EUA. Para conter os danos, o vice-presidente Geraldo Alckmin, que lidera o comitê de negociação, afirmou que o governo federal não pretende pedir prorrogação do prazo, mas trabalha em articulações diplomáticas.
Além disso, o Senado aprovou o envio de uma missão parlamentar a Washington entre os dias 29 e 31 de julho, com o objetivo de tentar reverter a medida por meio do diálogo com congressistas americanos.
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