quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Brasil

Entenda o vazamento das mensagens de Moro

POR Jornal Somos | 20/06/2019
Entenda o vazamento das mensagens de Moro

Redação Jornal Somos

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Recentemente, uma reportagem investigativa do jornal The Intercept tem exposto conteúdos exclusivos e sigilosos de discussões internas da força tarefa da Lava Jato, comandada pelo procurador Deltan Dallagnol, em parceria com o atual ministro da Justiça, Sérgio Moro.

 

No site do Intercept, há uma nota explicativa publicado pelos líderes da investigação jornalística, que esclarece como e porque o jornal decidiu divulgar conversas privadas da Lava Jato. “[Reportagens] produzidas a partir de arquivos enormes e inéditos – incluindo mensagens privadas, gravações em áudio, vídeos, fotos, documentos judiciais e outros itens – enviados por uma fonte anônima, as três reportagens revelam comportamentos antiéticos e transgressões que o Brasil e o mundo têm o direito de conhecer”, diz um trecho da nota.

 

Em outro trecho, o jornal reforça que pretende levar todas as reportagens até o fim: “Esse é apenas o começo do que pretendemos tornar uma investigação jornalística contínua das ações de Moro, do procurador Deltan Dallagnol e da força-tarefa da Lava Jato – além da conduta de inúmeros indivíduos que ainda detêm um enorme poder político e econômico dentro e fora do Brasil”.

 

As reportagens publicadas sobre esse assunto têm gerado muita polêmica. A população brasileira está dividida entre os que acreditam no Intercept e os apoiadores de Sérgio Moro. O ministro, por sua vez, nega que as conversas sejam verdadeiras e que acusa o vazamento de ser ilegal. Entenda melhor o que está acontecendo:

 

Durante a investigação, Deltan Dallagnol, procurador líder da operação Lava Jato, recebeu orientações do juiz Sérgio Moro. Nas mensagens recebidas pelo Intercept, o procurador comenta estar inseguro quanto as provas da acusação contra Lula sobre o tríplex, que teria sido dado ao ex-presidente pela empreiteira OAS em forma de propina por beneficiar a Petrobras.

 

Em 9 de setembro de 2016 Deltan comenta em um grupo com os outros procuradores da operação, que suspeitava que o júri diria que os indícios eram frágeis. Os “indícios” são as dezenas de matérias citadas na peça de acusação. A principal delas, uma do O Globo, a primeira que falava da corrupção da Petrobras antes da Lava Jato, foi apontada por Moro como “bastante relevante do ponto de vista probatório”.

 

Lula foi julgado e preso em maio de 2018. No dia 28 de setembro do ano passado, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, publicou uma decisão que autorizava uma entrevista do ex-presidente Lula, principal investigado pela Lava Jato, a uma coluna do jornal Folha de S. Paulo. O ex-presidente está preso em Curitiba desde maio do ano passado.

 

Entre os conteúdos recebidos pelo jornal há diálogos dos procuradores da Operação, liderados por Deltan Dallagnol, no aplicativo Telegram, em que a força tarefa discutia uma forma de impedir a entrevista do ex-presidente à Folha de S. Paulo, pois nas palavras de Deltan “pode eleger Haddad”, ou a “volta do PT” ao poder.

 

São diálogos problemáticos porque a força tarefa alegou por anos que não tinha motivações políticas. Nestas mensagens, a equipe demonstrou muita preocupação de que a entrevista de Lula, marcada para alguns dias antes do primeiro turno das eleições, pudesse ajudar Fernando Haddad, candidato do PT, principal rival de Jair Bolsonaro.

 

Apesar de terem entrado com recurso, Lewandowski insistiu que a liberação de Lula para a entrevista era constitucional e que os motivos apresentados no recurso eram inválidos. Após troca de mensagens entre Deltan com uma pessoa marcada como “Carol PGR”, que não teve a identidade confirmada, os dois tentavam encontrar uma estratégia para impedir a entrevista.

 

Por fim, o Partido Novo também entrou com recurso, e assim, Luiz Fux, ministro do STF concedeu documento impedindo a entrevista. Mais tarde, ainda no grupo do Telegram, Januário Paludo, comemora com a seguinte mensagem: “Devemos agradecer à nossa PGR: Partido Novo!!!”.

 

Nas últimas mensagens divulgadas, Moro orientava a Deltan que não investigasse Fernando Henrique Cardoso, pois, em suas palavras “o apoio dele era importante”.

 

Nessa quarta feira (19), o ministro da Justiça foi à Constituição de Comissão, Cidadania e Justiça (CCJ) do Senado para comentar o caso dos vazamentos das mensagens. Moro garantiu que não tem o que esconder e que as mensagens foram alteradas. Por fim, disse não ter apego ao cargo de ministro, podendo abandoná-lo caso as acusações contra ele sejam comprovadas.

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