quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Redação Jornal Somos
A riqueza dos europeus que viviam no Brasil há mais de 500 anos atrás foi construída através de mão-de-obra escrava. A relação de poder entre o branco e o negro era justificada pelos primeiros através da bíblia e de teorias científicas sem fundamento. Após muitos anos de resistência e luta, em 13 de maio de 1888, foi sancionada a Lei Áurea. Os negros estavam livres. O problema havia sido solucionado ou apenas mudado de contexto?
Os escravos eram submetidos aos piores castigos possíveis nas fazendas, alguns até morriam. Nos navios negreiros – também chamados de tumbeiros, que vem de tumba mesmo – a situação não era melhor. Metade da tripulação morria antes de chegar ao destino devido às condições cruéis. As mulheres eram objetos sexuais dos senhores, e o orgulho da miscigenação é o orgulho de um estupro. Quando libertos, os negros eram jogados à sociedade sem qualquer amparo.
Muitos não conseguiam sair da vida de escravo. Como eles não tinham qualquer instrução, alguns acabaram marginalizados. Não tinham onde morar e precisaram buscar lugares alternativos para morar, foi quando surgiram as favelas. Fora isso, a sociedade não aceitava o negro. Eles ficaram excluídos de qualquer oportunidade. A estudante de Ciências Sociais, Brenda Carolinne contextualiza a situação da seguinte forma: “Como uma corrida. Os brancos estavam na frente e nós negros estávamos atrás, então a reparação histórica é necessária.”
O racismo ficou estruturado na sociedade brasileira. Ele é estrutural e é velado. Negros ganham menos, formam 70% da população penitenciária, alcançam menor status social, estão associados a estereótipos negativos. E tudo parece natural. Economicamente, socialmente e culturalmente o negro é menosprezado. Isso é tão invisível que a morte de um jovem negro na periferia não comove ninguém, por exemplo. No Brasil, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado.
Mesmo 130 anos depois da abolição o negro ainda vive excluído. De acordo com Brenda, mesmo que atualmente os negros tenham conquistado mais espaço, o Brasil está longe de conseguir igualdade. Ainda existe a relação tóxica de superioridade do branco em relação ao negro. As políticas sociais são insuficientes. A segurança e a justiça não exercem o mesmo papel. A representatividade ainda é pouca. Ainda existe toda a temática do latifúndio. E na esmagadora maioria das vezes, o branco não enxerga seus privilégios e nem a dívida histórica.
Weverton François, um jovem universitário, relata: “Sempre que me encontro com negros que assim como eu, estamos vivendo uma ascensão o assunto é sempre o mesmo: racismo. O que a gente sofre em lojas, restaurantes, hotéis. O olhar, a análise que a gente sempre recebe. Ser chamado de preto de alma branca só pq a gente sabe conversar e comer de garfo e faca. Além da eugenia que ocorreu no brasil no inicio do século passado. É tudo muito recente.”
Como podemos tentar mudar essa situação como indivíduo, já que o Estado não toma medidas realmente eficazes?
Brenda nos diz que mesmo que seja complicado que haja uma mudança significativa apenas com ações individuais, é de extrema importância que cada um tenha noção de sua realidade. Por exemplo: eu que vos falo, como uma mulher branca, preciso reconhecer que tenho e tive privilégios durante toda a vida, e que pelo fato de ser branca eu terei acesso a mais oportunidades. Além disso, Brenda também nos explica que em situações de racismo, velado ou não, precisa haver um posicionamento. Nenhuma mudança vem da indiferença. Aliás, a indiferença é o que mantém a estrutura racista que vivemos.
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