quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Redação Jornal Somos
O grupo de doleiros que colaborou com o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral e a construtora Odebrecht para pagamento de propinas usou contas correntes abertas nos bancos Bradesco, Itaú, Santander e Caixa Econômica Federal para lavar dinheiro. A constatação é resultado de investigações da força-tarefa da Operação Lava Jato no MPF-RJ (Ministério Público Federal do Rio de Janeiro), que vê falhas das instituições financeiras em controlar crimes praticados com ajuda de seus serviços.
De acordo com o MPF-RJ, os doleiros conseguiram abrir contas em nome de pelo menos sete empresas de fachada em quatro dos principais bancos do país. Para isso, contaram com a falha ou colaboração de funcionários, os quais não checaram os dados cadastrais das companhias falsas ou mesmo receberam propinas em troca das facilidades vendidas à organização criminosa.
Essas contas bancárias eram usadas por doleiros como entreposto para o dinheiro que circulava nos esquemas de pagamento de propinas dos quais eles participavam. Uma conta em nome de uma companhia de fachada poderia receber depósitos sem que o real dono do saldo fosse identificado, por exemplo. Os valores depositados ali também poderiam ser usados para pagamentos em que o destino do dinheiro nunca era revelado.
Ao todo, segundo investigação da Lava Jato no Rio, ao menos 15 contas correntes foram operadas pelo grupo de doleiros, que já foi alvo de fases anteriores da Lava Jato como a operação "Câmbio, Desligo". Ao todo, essas contas movimentaram mais de R$ 1,1 bilhão. Desse total, R$ 989 milhões, cerca de 90% do total, circularam pelo Bradesco. Na terça-feira (28), dois gerentes do banco foram alvo de mandados de prisão temporária. Tânia Maria Aragão de Souza Fonseca, que já chefiou uma agência do Bradesco na Barra da Tijuca, e Robson Luiz Cunha Silva, que foi gerente-geral da agência do banco em Vila Isabel, são suspeitos de receber uma mesada de doleiros para ajudá-los na abertura de contas no banco.
Para o coordenador da Lava Jato no Rio de Janeiro, o procurador da República Eduardo El Hage, a quantidade de contas abertas e principalmente a movimentação delas mostra que o sistema de controle de crimes adotado por bancos não funcionou.
Segundo ele, regras internacionais e leis brasileiras de combate à lavagem de dinheiro determinam que instituições bancárias conheçam seus clientes, saibam da fonte dos seus recursos e monitorem transações suspeitas. Isso, disse ele, não ocorreu.
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