quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Redação Jornal Somos
Neste domingo (7), o Ministério da Saúde (MS) divulgou quantitativos divergentes em relação aos óbitos decorridos da Covid-19. Inicialmente, foram reveladas 1.382 mortes dentro de 24 horas, elevando o acumulado de óbitos para 37.312. Posteriormente, o painel oficial apresentou somente 525 óbitos, somando então 36.455 mortes, o que significa uma diferença de 857 indivíduos. Diversas repercussões foram registradas devido à esta e outras divergências entre personagens políticos e na própria imprensa – que decidiu confeccionar um balanço próprio dos casos.
Outro dado atualmente contraditório é o de pacientes positivos, uma vez que de início foram divulgados 12.581 casos confirmados do novo coronavírus, totalizando 685.427, e após foi anunciado 18.912, resultando no acumulado de 691.758 contaminados com o vírus.
As divergências de informações estão ocorrendo desde sexta-feira (5), quando o MS modificou o formato de anúncio dos dados, deixando, inclusive, de apresentar alguns pontos antes fornecidos. Não há mais o total acumulado de contágios e mortes, sendo apresentado apenas os novos, bem como o detalhamento da situação com o vírus de cada estado. Além disso, o horário de divulgação, que era às 19h, passou a ser às 22h.
O presidente Jair Bolsonaro confirmou, no sábado (6), que houveram mudanças na prestação de informações quanto à Covid. “As rotinas e fluxos estão sendo adequados para garantir a melhor extração dos dados diários, o que implica em aguardar os relatórios estaduais e checagem de dados. Para evitar subnotificação e inconsistências, o Ministério da Saúde optou pela divulgação às 22h, o que permite passar por esse processo completo. A divulgação entre 17h e 19h, ainda havia risco de subnotificação. Os fluxos estão sendo padronizados e adequados para a melhor precisão”, revelou.
Imprensa
Diante do ruído na comunicação dos dados referentes à Covid-19, veículos de comunicação decidiram se unir para trabalharem de forma colaborativa em busca das informações que deixaram de ser repassadas. A iniciativa, que pretende dar transparência aos números, é do O Estado de S.Paulo, Filha de S.Paulo, O Globo, Extra, G1 e UOL.
Dessa forma, as equipes destes veículos de imprensa irão dividir tarefas e compartilharem informações obtidas, confeccionando o próprio balanço de números referentes à evolução, óbitos e casos de coronavírus no Brasil, que será finalizado e divulgado diariamente às 20h.
Reações e críticas
As mudanças no modo de divulgar os dados do coronavírus referentes ao território nacional desencadeou reações e críticas de personalidades políticas.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), utilizou de seu Twitter para se manifestar. “Brincar com a morte é perverso. Ao alterar os números, o Ministério da Saúde tapa o sol com a peneira. É urgente resgatar a credibilidade das estatísticas. Um ministério que tortura números cria um mundo paralelo para não enfrentar a realidade dos fatos”, afirmou na rede social.
Brincar com a morte é perverso. Ao alterar os números, o Ministério da Saúde tapa o sol com a peneira. É urgente resgatar a credibilidade das estatísticas. Um ministério que tortura números cria um mundo paralelo para não enfrentar a realidade dos fatos. https://t.co/2wIS37BN7I
— Rodrigo Maia (@RodrigoMaia) June 8, 2020
O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, também se pronunciou em entrevista à GloboNews, onde classificou a nova medida como falta de maturidade. “É uma infantilidade absurda e uma infantilidade que vai trazer consequências”, informou. “Diferentemente de uma guerra militar, em que o segredo é uma arma, contra um vírus não há segredo. Camuflar números é uma tragédia. Tira do indivíduo a capacidade de se defender. Informação é fundamental, por isso, eu fazia questão das coletivas à tarde, para dar tempo de as pessoas analisarem os números, e deixar a população atenta”, acrescentou.
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