quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Redação Jornal Somos
A semana começou bem tumultuada na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, que investiga possíveis crimes de omissão pelo Governo Federal no enfrentamento da pandemia, assim como crimes de corrupção envolvendo: lobistas, laboratórios e membros do Ministério da Saúde.
Na terça-feira (31) após as ausências do motoboy Ivanildo Gonçalves e da diretora executiva da VTCLog, Andréia Lima, a CPI decidiu se aprofundar nas investigações sobre a empresa, selecionada pelo Ministério da Saúde para cuidar da armazenagem e distribuição de medicamentos. Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI, anunciou a quebra dos sigilos fiscal, telemático e bancário da VTCLog. Também na terça-feira foi aprovado o requerimento para ouvir Karina Kufa, advogada, que segundo as investigações, organizou um jantar onde reuniu o lobista Marconny Faria e José Santana, ex-executivo da Anvisa. Os parlamentares apontam que os dois teriam atuado como lobistas da Precisa Medicamentos.
Na quarta-feira (1/9), era esperado o depoimento do advogado Marcos Tolentino, apontado como o sócio oculto da FIBBank, empresa que, segundo as investigações, forneceu uma garantia irregular à Precisa Medicamentos, no negócio da compra da vacina indiana Covaxin pelo Ministério da Saúde.
Tolentino, porém, não compareceu por estar internado em hospital de SP, onde estaria em tratamento de sequelas da Covid-19. Em seu lugar a CPI ouviu então Ivanildo Gonçalves, motoboy da empresa VTCLog, responsável por saques em dinheiro vivo de mais de R$ 4,7 milhões. Gonçalves, que foi reconvocado, chegou ao Senado na condição de testemunha amparado por um habeas corpus concedido pelo STF, tendo o direito de permanecer em silêncio em perguntas que pudessem incriminá-lo. A VTCLog movimentou de forma suspeita R$ 117 milhões em dois anos. Com 400 contratos firmados com o Governo Federal sendo 14 no Ministério da Saúde e se tornou um dos principais alvos de investigação da CPI.
Ivanildo Gonçalves, assessorado por um advogado, recusou-se a entregar o celular à CPI, então foram tomadas providências para a quebra de sigilo do telefone. Imagens de câmeras de segurança mostraram o motoboy sacando grandes montantes em agência bancária de Brasília e, supõe-se, pagando boletos de terceiros com essas quantias em dinheiro em espécie. Também foi constatado que os serviços bancários efetuados por Ivanildo diminuíram consideravelmente desde o início dos trabalhos da CPI. O motoboy também afirmou que ia frequentemente entregar faturas da empresa ao Ministério da Saúde, mas não revelou nomes de pessoas com quem teria contato. No final dos trabalhos da quarta-feira, o senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP), vice-presidente da CPI, anunciou ter acionado a advocacia e a Polícia Legislativa do Senado para garantir que o empresário Marconny Faria compareça para prestar depoimento.
Na quinta-feira (2) como era esperado, o depoente Marconny Faria não compareceu à CPI amparado por um atestado médico assinado por profissionais do Hospital Sírio-Libanês. Posteriormente, o médico que emitiu o atestado disse à CPI “estar pensando em desfazer o atestado” por perceber que Marconny poderia estar fingindo.
Foi anunciado então o depoimento do ex-secretário de saúde do DF, Francisco Araújo Filho, que foi preso na Operação Falso Negativo, da Polícia Federal do DF. Essa operação investiga irregularidades em gastos de recursos destinados ao combate à Covid-19.
Paralelamente, os senadores aprovaram a condução coercitiva do advogado Marconny Faria e a retenção do passaporte do depoente por 30 dias.
Ao final de três horas de depoimento, o ex-secretário Francisco Araújo Filho negou favorecimento à empresa Precisa e qualquer envolvimento com esquemas de corrupção e/ou superfaturamento.
As próximas semanas da CPI serão decisivas pois se aproxima o prazo da apresentação do relatório final com todas as conclusões das investigações.
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