quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Redação Jornal Somos
Poucos depoimentos, muitas discussões e decisões importantes como quebras de sigilo, marcaram a semana da CPI da Covid-19 em curso no Senado Federal. Na terça-feira (15) a Comissão ouviu Marcellus Campello, ex-secretário de Saúde do Amazonas. Tanto o relator, Renan Calheiros, como os senadores participantes focaram suas perguntas nas investigações, das quais Campello também é alvo, que apuram irregularidades na condução do combate à pandemia no estado do Amazonas. A crise de falta de oxigênio e a implantação do aplicativo Tratecov, que prometia diagnóstico e tratamento precoce com fármacos de ineficácia comprovada, lançado pelo Ministério da Saúde em Manaus, foram temas muito discutidos e causaram vários desentendimentos entre senadores governistas, de oposição e independentes.
Na quarta-feira (16), no mais curto depoimento à CPI, foi a vez do ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel, que não poupou acusações ao governo federal e, junto com o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), protagonizou um grande e lamentável embate. Witzel foi confrontado por Flávio Bolsonaro quando fez duras críticas ao governo e ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em relação à montagem de hospitais de Campanha, à abertura de leitos, ao atraso na entrega de equipamentos e à demora na adoção do auxílio emergencial.
Flávio Bolsonaro, que não é integrante da CPI, contestou as acusações e acusou Witzel de usar a Comissão como palanque político. O ex-governador, amparado por um habeas corpus concedido pelo STF, abandonou a CPI e pediu uma nova sessão sob segredo de justiça alegando sentir-se ameaçado, inclusive pedindo ao colegiado que fosse providenciada segurança para si e sua família.
Na quinta-feira (17) era esperado para depor o empresário Carlos Wizard, ele é suspeito de integrar o chamado “gabinete paralelo”, que seria responsável por orientar o presidente Jair Bolsonaro sobre ações a serem tomadas no combate à pandemia de coronavírus. Wizard não compareceu alegando estar fora do país e agora terá seus sigilos telefônico, fiscal e bancário quebrados e poderá até ser alvo de condução coercitiva caso não se apresente à CPI quando voltar ao Brasil.
Na sexta-feira (18) os depoimentos de dois médicos “pró cloroquina”, Ariel Zimerman e Francisco Cardoso Alves foram solenemente ignorados por senadores independentes e de oposição assim como pelo relator Renan Calheiros e o vice-presidente da CPI Randolfe Rodrigues. Eles alegaram não querer “dar espaço” a explicações anti ciência e pró negacionismo. Posteriormente, em uma entrevista coletiva os dois anunciaram a lista dos cidadãos que serão tratados agora como investigados pela CPI. São 14 nomes, com destaque para Marcelo Queiroga, atual ministro da Saúde e o ex-ministro da pasta Eduardo Pazuello, assim como o ex-chanceler Ernesto Araújo.
Também passam a ser considerados investigados: Élcio Franco, Arthur Weintraub, Carlos Wizard, Hélio Angotti, Fábio Wajngarten, Franciele Fantinato, Marcellus Campello, Mayra Pinheiro, Nise Yamaguchi, Paulo Zanotto e Luciano Dias Azevedo.Essa medida permitirá a CPI aprofundar as investigações com possibilidades de quebra de sigilos e operações de busca e apreensão.
Antes de listar os nomes das testemunhas que serão agora investigadas na CPI, o vice-presidente da Comissão Randolfe Rodrigues, lembrou que o presidente da República Jair Bolsonaro,mais uma vez atacou a ciência durante uma live em rede social, foi protocolado então um pedido de convocação do Facebook e YouTube por disseminarem desinformação de Bolsonaro, comportamento considerado criminoso pelo senador do partido Rede Sustentabilidade.
Texto produzido pela economista e comunicadora Lu Soares e edição de Camilla Paes.
Jornal online com a missão de produzir jornalismo sério, com credibilidade e informação atualizada, da cidade de Rio Verde e região.