quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Brasil

CPI da Covid: Os esquemas

POR Lu Soares | 27/08/2021
CPI da Covid: Os esquemas

Redação Jornal Somos

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Em meio a histórias e enredos, as vezes incompreensíveis, envolvendo cabo da PM, Reverendo, Coronéis e lobistas profissionais, segue a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, investigando e por vezes revelando o que possa vir a ser um enorme esquema de corrupção que reúne muitos personagens e o próprio Ministério da Saúde.

 

 

Na última terça-feira (24) a CPI ouviu Emanuel Catori, sócio da Belcher Farmacêutica, que depôs como convocado. A Belcher era a empresa intermediária responsável pelas negociações da vacina Convidecia do laboratório chinês CanSino. Esta empresa também foi citada na Operação Falso Negativo do MP do Distrito Federal que apurou superfaturamento de produtos, principalmente testes de Covid-19, adquiridos pela Secretaria de Saúde do DF. Catori foi questionado sobre suas tratativas com o Deputado Federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, para a “facilitação política” nas conversas com o Ministério da Saúde, o que negou veementemente.

 

 

O depoente negou também, quando indagado, que os empresários Luciano Hang e Carlos Wizard tenham tido algum envolvimento na negociação da vacina da CanSino, embora sua proximidade com os mesmos esteja visível em diversas provas obtidas pela CPI.

 

 

O depoimento mais surpreendente da semana aconteceu na quarta-feira (25). A Comissão ouviu Roberto Pereira Ramos Júnior, diretor do FIB Bank, que depôs no caso das negociações da vacina Covaxin. Pereira negou ter contato com o Ministério da Saúde ou com o deputado Ricardo Barros, mas o que se sabe é que a empresa da qual Roberto Pereira é sócio emitiu uma carta de fiança irregular apresentada pela Precisa Medicamentos ao Ministério da Saúde, com um contrato no valor de R$ 1,6 bilhão para a compra das vacinas da BharatBiotech. O depoimento surpreendeu os senadores uma vez que foram apresentadas várias inconsistências na composição societária da empresa além de denúncias de uso de personagens “laranjas” em sua formalização. O empresário Roberto Pereira tinha o direito ao silêncio assegurado pelo STF em perguntas que pudessem incriminá-lo, mas, acabou por responder boa parte das perguntas dos senadores que, questionaram e contestaram a origem do FIB Bank como também apontaram muitas irregularidades na empresa.

 

 

Na quinta-feira (26) a CPI ouviu, ou tentou ouvir, José Ricardo Santana, ex-funcionário da Anvisa. O depoente permaneceu quase que todo o tempo em silêncio, direito assegurado pelo STF. No início da sessão, José Ricardo disse à Comissão que foi convidado para assumir um cargo no Ministério da Saúde pelo ex-diretor de logística da pasta, Roberto Dias. Dias é investigado por, supostamente, ter pedido propina em uma negociação com intermediários de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca. Funcionário da Anvisa, José Ricardo, que tinha um salário de mais de 30 mil reais, foi para o Ministério da Saúde onde permaneceu por pouco mais de dois meses, numa função informal e sem remuneração.

 

 

Quando os senadores iniciaram suas indagações a respeito das relações do empresário com a Precisa Medicamentos, questões sobre sua ligação direta com Francisco Maximiano e Roberto Dias, o depoente decidiu silenciar e passou o resto do tempo de seu depoimento ouvindo os senadores relatarem muitas situações e provas obtidas pela CPI que demonstraram sua ligação com a Precisa Medicamentos, e com o Ministério da Saúde, mesmo tendo deixado o “cargo” que nunca foi realmente exercido no órgão. Também na quinta-feira a CPI recorreu da decisão do STF que suspendeu a convocação de governadores pela comissão. A CPI querque o STF autorize a convocação dos mesmos como testemunhas para que seja abordada a legalidade na aplicação de verbas federais vinculadas ao combate à pandemia.

 

 

Para a próxima semana teremos o depoimento do motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva, que parece ser, segundo a Comissão: “um intermediário em esquemas duvidosos da empresa VTC Log”, outra empresa sendo investigada pela CPI. Acontecerão também os depoimentos de Marcos Tolentino, advogado e amigo de Ricardo Barros, com ligações no FIB Bank e finalmente o depoimento de Francisco Araújo, ex-secretário de saúde do DF.

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