quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Redação Jornal Somos
A semana foi bem agitada na CPI da Covid no Senado Federal. A Comissão iniciou os trabalhos na terça-feira (22) com o depoimento do Deputado Osmar Terra (MDB-RS). O deputado é apontado como integrante do chamado “gabinete paralelo" que assessora o presidente Jair Bolsonaro na pandemia da Covid-19.
No depoimento, Osmar Terra fez pouco caso da efetividade do isolamento social, sustentou que não sugeriu a “imunidade de rebanho" como estratégia de política pública de saúde e classificou como “falácia” a existência do gabinete paralelo.
Terra fez, durante todo o período do início da pandemia, previsões que não se concretizaram, minimizando a gravidade da doença e minimizando também o número de mortos. O deputado repetiu durante seu depoimento, dados falsos sobre isolamento em vários países, quando foi duramente contestado pelos senadores.
O discurso de Terra na CPI contradisse inclusive falas passadas suas , por exemplo, quando havia negado a possibilidade do surgimento de várias cepas.
Para quarta-feira feira (23) era esperado o depoimento de Francisco Emerson Maximiniano, sócio administrador da Precisa Medicamentos, mas o empresário alegou que não poderia comparecer. O argumento utilizado em petição enviada ao presidente da CPI, o senador Omar Aziz (PSD-AM) foi de que Maximiniano cumpre uma quarentena de 14 dias. A Precisa Medicamentos entrou no foco da CPI devido à compra da vacina indiana Covaxin pelo governo de Jair Bolsonaro. Essa vacina foi a única a ser adquirida com a participação de uma empresa intermediária, justamente a Precisa Medicamentos.
Na quinta-feira (24) a CPI ouviu o epidemiologista e pesquisador da Universidade Federal de Pelotas Pedro Hallal, e a Dra Jurema Werneck, diretora executiva da Anistia Internacional Brasil e representante do Movimento Alerta.
Werneck indicou falta de estratégia do governo e apresentou um estudo coordenado por ela que mostrou um número enorme de mortes “evitáveis", Hallal apresentou dados do estudo EPICOVID, que diz que quatro em cada cinco mortes pela Covid 19 no Brasil poderiam ter sido evitadas se o país tivesse seguido políticas adotadas por outros países do mundo, além de rebater afirmações sobre tratamento precoce contra a Covid 19.
Bem, durante a semana vários fatos ocorreram em relação à denúncia de corrupção na compra da vacina Covaxin. A compra pelo governo federal se tornou então o principal tema da CPI. O servidor do Ministério da Saúde e chefe do setor de importação da pasta Luís Ricardo Miranda disse que identificou suspeitas de irregularidades na compra e que, junto com o irmão, o deputado Luís Miranda (DEM-DF) avisou sobre as suspeitas ao presidente Bolsonaro no dia 20 de março.
A CPI convocou então o servidor e seu irmão para prestarem depoimento na sexta-feira (25). Esses depoimentos importantíssimos sobre um possível esquema de propina na compra da referida vacina, podem mudar o curso das investigações da CPI e trazer novas informações que irão permear os próximos passos a serem seguidos pelos senadores. Ao final da sexta-feira, em coletiva de imprensa, o vice-presidente do colegiado, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que vai propor uma medida à comissão e que os fatos apontados até agora são suficientes para motivar o impeachment de Bolsonaro. Desta foram a CPI da Pandemia pode comunicar ao Supremo Tribunal Federal (STF) o cometimento de crime de prevaricação (retardar ou deixa de praticar ato de ofício para satisfazer interesse pessoal) por parte do presidente Jair Bolsonaro.
"Não tem situação mais grave do que a que nós ouvimos hoje. Não há, na história das comissões parlamentares de inquérito, nas duas circunstâncias de impeachment que nós tivemos na história republicana desde 1988, algo tão grave. Basta se reportar aos dois impeachments que já houve nos últimos 30 anos. Não chega a um terço da gravidade do que estamos vendo nesta CPI e do que nós vimos no dia de hoje", apontou o senador.
Texto produzido pela economista e comunicadora Lu Soares e edição de Camilla Paes.
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