domingo, 06 de outubro de 2024
Reprodução / Folha de S. Paulo
Os reservatórios das hidrelétricas das regiões Centro-Oeste e Sudeste estão finalizando o período de chuvas, após terem passado pela pior seca da história, com o menor nível de abastecimento desde o ano de 2015, trazendo expectativas de ocorrências semelhantes à daquele período, onde o consumidor precisou cobrir o custo adicional de geração por térmicas até o encerramento do ano.
Segundo executivos do setor, o momento é tão crítico que, se não fosse a redução na demanda gerada pela pandemia de Covid-19, o Brasil poderia ter vivenciado um racionamento já no ano passado, em 2020. Para eles, se a seca for mantida no próximo verão, há um risco de que a oferta de energia se torne um empecilho para a retomada econômica.
O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) autorizou, na semana passada, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a utilizar, “sem limitação nos montantes e preços associados”, todos os recursos que estiverem disponíveis para poupar a água nos reservatórios das hidrelétricas.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se manifestou sobre o caso, à apoiadores, nesta segunda-feira (10), assegurando que o problema é sério e irá gerar “dor de cabeça”. “Só avisando, a maior crise que se tem notícia hoje. Demos mais um azar, né? E a chuva geralmente (cai) até março, agora já está na fase que não tem chuva”, disse.
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) vem antecipando, desde 2015, uma parcela dos custos das térmicas com a cobrança mensal das bandeiras tarifárias na conta de luz, o que fez com que, neste mês de maio, por exemplo, já visando as expectativas negativas para o ano, fosse adicionada a bandeira vermelha nível 1, que incluiu R$ 4,17 à cada 100 kWh consumido.
As regiões Centro-Oeste e Sudeste, que são responsáveis por possuírem os principais reservatórios do setor elétrico brasileiro, encerraram a segunda-feira (10) com a presença de 33,7% das suas capacidades de armazenamento de energia, nível inferior ao ocorrido em 10 de maio de 2015, quando a taxa extra na conta de luz permaneceu por 14 meses consecutivos, onde a porcentagem foi de 34,6%.
As constatações apontam para a real possibilidade de aumento nos preços e nas tarifas. “Este ano vai ser um ano de bandeira vermelha”, alega Alexei Vivan, presidente da Associação Brasileira de Companhias de Energia (ABCE). “A gente sabe que vai ter um aumento de preços e tarifas. A perspectiva é ficarmos por muitos meses [em bandeira vermelha] e se estender para bandeira vermelha 2 [que acrescenta R$ 6,24 a cada 100 kWh]”, afirma Mario Menel, da Associação Brasileira dos Autoprodutores de Energia (Abiape).
Fora o impacto iminente, ainda há a possibilidade de a situação ser agravada, se a Aneel permanecer com a proposta que estava sendo discutida em consulta pública até a última semana, onde é previsto o aumento de custo das duas bandeiras vermelhas, que passariam a ter, respectivamente, os valores de R$ 4,60 e R$ 7,57.
(Com informações da Folha de S. Paulo)
Jornal online com a missão de produzir jornalismo sério, com credibilidade e informação atualizada, da cidade de Rio Verde e região.