quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Amplamente estudado em diversas partes do mundo por meio de pesquisadores e das maiores empresas dos setores, a carne feita em laboratório enfrentará o seu primeiro percalço, pelo menos aqui no Brasil. É que um Projeto de Lei (PL) apresentado pelo deputado Tião Medeiros (PP-PR) quer proibir a pesquisa privada, produção, importação, exportação, transporte e comercialização de carne animal de qualquer tipo (bovina, suína, de aves e outros) cultivada em laboratório.
O texto apresentado pelo parlamentar é bastante hostil e punitivo para qualquer empresa ou pessoa que ousar comercializar o novo tipo de carne, que já está em avançado estado de desenvolvimento. Qualquer trabalho científico feito por algum profissional acerca da carne cultivada, segundo a PL, pode pegar três anos de reclusão. O argumento dado pelo parlamentar sobre a proposta, “visa a proteger de forma rigorosa a pecuária nacional, um dos setores mais importantes da economia, responsável por 2% do PIB brasileiro”.
Mas não é somente aqui no país que a ‘carne do futuro’ está sendo alvo de proibição no seu desenvolvimento. Itália e Uruguai também discutem nos âmbitos governamentais, a proibição no comércio e desenvolvimento da nova proteína. Já nos Estados Unidos e Singapura comercializam a venda do produto nos mercados.
A PL do deputado tem um tom protecionista. Ele quer que o status quo do desenvolvimento agropecuário não sofra alterações e também, não quer abrir caminho para que possíveis empresas com estrutura tecnológica para tal, sejam prováveis concorrentes. O parlamentar ainda alega que os efeitos ao longo prazo sobre a consumo da carne cultivada a saúde humana são uma incógnita e poderia trazer riscos.
Gigante da indústria, a JBS está empolgada com a iniciativa e anunciou US$ 22 milhões de dólares em um novo centro de pesquisa em proteína cultivada no Brasil. A previsão para inauguração é para o final de 2024. A Embrapa Suínos e Aves, também estuda meios para desenvolver carne de frango de laboratório.
A proposta que chamou a atenção no meio do agro, a meu ver, além de representar um retrocesso científico e tecnológico, foi apresentado tarde demais. O PL não deve prosperar e seguir em frente, devido à tentativa de frear uma nova forma de se produzir carne com baixo impacto ambiental e com custos baixos, este último fator, é claro, atrai os olhos de muitos investidores no assunto.
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