quarta-feira, 03 de julho de 2024

Coluna Cairo Santos: VANDALISMO OU TENTATIVA DE GOLPE? A TRISTE HISTÓRIA DE UM OITO DE JANEIRO

POR Cairo Santos | 08/01/2024
Coluna Cairo Santos: VANDALISMO OU TENTATIVA DE GOLPE? A TRISTE HISTÓRIA DE UM OITO DE JANEIRO

Foto: Ton Molina/AFP

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Para muitos tentativa de golpe de Estado, para uma minoria um protesto passivo que contou com a ação de alguns vândalos infiltrados no movimento. Ainda hoje é possível ouvir contrários a ideia de golpe dizer que não existe golpe sem armas e praticado por idosas com bíblias na mão. As imagens do protesto mostram outra situação.


O motivo era um: o descontentamento com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais ocorridas em outubro de 2022. Os invasores acusavam, sem provas, que o pleito fora fraudado e pediam por intervenção federal por meio das Forças Armadas. Com a bandeira do Brasil nas costas, a raiva de uma derrota passou a inflar essas pessoas contra os Três Poderes.


Desde que Lula foi eleito, houve manifestações contra a eleição do petista. Ruas e avenidas foram bloqueadas e formaram-se aglomerações em frente a quartéis do Exército em várias regiões do país. A maior concentração dessas pessoas aconteceu justamente em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023.


Para o cientista político Antônio Lavareda, “o 8 de Janeiro começa quando Jair Bolsonaro se afasta do país e ocorre a troca de poder, a posse do novo presidente e, obviamente, você sai do período de projetos de autogolpe e sobra o último projeto dos quartéis pedindo a intervenção no Tribunal Superior Eleitoral para anular a eleição presidencial de 2022. Então você sai daquela quadra e ingressa num período que você tem um presidente eleito, que tomou posse, aí se produz uma manobra cujo intuito era realizar um golpe de Estado por meio do estímulo aos militares para que assumissem o comando do país”, analisa.

 

A invasão ocorreu das 15h até às 18h20 do domingo de 8 de janeiro. Os extremistas marcharam até o Palácio do Planalto e se agruparam no local por 2 horas, quando enfim, centenas furaram o bloqueio de poucos militares e em 10 minutos começaram a depredar o Congresso Nacional. Às 15h30, a Polícia Militar do Distrito Federal tentou conter os golpistas lançando as primeiras bombas de gás. Flávio Dino se pronunciou 13 minutos depois, afirmando ser uma invasão absurda e pediu reforços. Com pouca efetividade das Forças Armadas, os extremistas, às 15h50, invadiram o Palácio do Planalto. Com a diferença de 10 minutos, os vândalos invadiram também a sede do Supremo Tribunal Federal, local mais depredado dos Três Poderes.


A Força Nacional, o reforço solicitado pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, chegou às 16h25 na Esplanada e tentou conter os milhares de golpistas. Até às 18h, horário dos últimos atos dos extremistas, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), demitiu o secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, o procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu que a Procuradoria da República do Distrito Federal abrisse uma investigação contra os atos, o presidente Lula decretou intervenção federal no Distrito Federal e nomeou Ricardo Capelli como interventor da segurança do DF.


Às 18h20, os golpistas atearam fogo em frente ao Congresso Nacional. Ao mesmo tempo, a polícia do Distrito Federal começou a prender os radicais e retomar os prédios públicos. Bomba em caminhão de combustível estacionado próximo a um aeroporto, documento apreendido na casa do ex-ministro da Justiça que indicava o caminho do golpe, morte de ministro do Supremo Tribunal Federal arquitetada, quebradeira nos prédios dos três poderes, será que tudo isso foi praticado por velhinhas desarmadas e com a bíblia na mão? Golpe ou vandalismo?

 

 

Esse texto não reflete necessariamente a opinião do Jornal Somos.

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