quarta-feira, 03 de julho de 2024

Coluna Cairo Santos: AO COMPLETAR 50 ANOS PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO AINDA CONVIVE COM DESCONFIANÇA

POR Cairo Santos | 18/09/2023
Coluna Cairo Santos: AO COMPLETAR 50 ANOS PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO AINDA CONVIVE COM DESCONFIANÇA

Foto: Walterson Rosa/MS

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Mesmo sendo um senhor de 50 anos, o Programa Nacional de Imunização (PNI) continua sofrendo com desconfiança causada por desinformação e fake News. O êxito do PNI é reconhecido internacionalmente, tendo levado especialistas do país a serem convidados para contribuir em campanhas de vacinação em outros países. Após sua fundação, a expectativa de vida no Brasil saltou de 57 anos, em 1970, para 76, em 2019. Os anos de trabalho do programa reduziram a taxa de morte de crianças para 14 a cada mil em 2019.

 

Controlar os casos de sarampo, tuberculose, tétano e poliomielite e reduzir as mortes de crianças no país foi o principal motivo para a criação, em 1973, do Programa, que completa 50 anos hoje, dia 18. Em 1940, a mortalidade de brasileiros de até 5 anos chegou a ser de, 212 a cada mil. Dez anos após a criação do PNI, a mortalidade infantil já era 50% menor. Nestas cinco décadas de atuação, o programa acumula feitos como a erradicação da varíola humana, rubéola e poliomielite, mas vem enfrentando desafios com a ascensão de movimentos antivacina.

 

Nos últimos anos, contudo, a adesão às vacinas previstas no PNI despencou. O país não atinge a meta de vacinação preconizada pelo Ministério da Saúde, que varia de 90% a 95%, há quatro anos. A baixa vai desde a campanha anual contra a Influenza (o vírus da gripe), que não alcançou 70% do público-alvo neste ano, até doenças que ameaçam retornar ao Brasil, como a própria pólio.

 

Enquanto a meta preconizada pelo ministério é de 95% do público-alvo imunizado para manter a poliomielite sob controle, em 2022, apenas 77,2% foram protegidos. Até setembro deste ano, a cobertura estava em 54,4%. Segundo dados do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), a última vez que o Brasil alcançou a meta foi em 2015, e a marca de 80% não é ultrapassada desde 2019. A doença foi erradicada no país em 1989.

 

— Herdamos um cenário bastante difícil, por causa do movimento Antivacina que não existia no Brasil. Isso foi criado artificialmente durante a pandemia — comenta a secretária de Vigilância em Saúde do ministério, Ethel Maciel.

 

Quando a ministra Nísia Trindade e toda sua equipe tomaram posse na Saúde em janeiro, ela declarou ter encontrado a pasta desestruturada e o PNI sem força para coordenar a vacinação no Brasil. À frente das ações de imunização no ministério, Ethel Maciel elenca os problemas de comunicação, a circulação de fake news e o descrédito à ciência como os primeiros desafios que precisou encarar no cargo. Vamos comemorar esses 50 anos de vida do PNI que já provou eficiência e ajudar a combater a desinformação que tem colaborado com a perda de muitas vidas no País.

 

 

Esse texto não reflete necessariamente a opinião do Jornal Somos.

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