sábado, 23 de novembro de 2024

Coluna Cairo Santos: ALUNOS BRASILEIROS CONSEGUEM LER TEXTOS DE ATÉ 10 PÁGINAS, DIZ PESQUISA

POR Cairo Santos | 30/11/2023
Coluna Cairo Santos: ALUNOS BRASILEIROS CONSEGUEM LER TEXTOS DE ATÉ 10 PÁGINAS, DIZ PESQUISA

Foto: Freepik

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Preguiça ou acomodação. Por que alunos brasileiros têm preferido leituras mais curtas? Os textos longos não têm mais informação? Qual foi o texto ou livro mais longo que você leu durante o ano? Para 66,3% dos alunos brasileiros de 15 e 16 anos, o mais extenso não passou de 10 páginas. A constatação está em uma análise dos microdados do exame internacional Pisa 2018 divulgada nesta quarta-feira (29) pelo Centro de Pesquisas em Educação, Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), em parceria com a plataforma de leitura Árvore.

 

 

O especialista traça uma comparação entre os exames nacionais e internacionais de leitura. "No Saeb [prova brasileira de português e matemática], são só fragmentos de textos. Por isso que o Brasil teve tanta dificuldade no Pirls [avaliação internacional para alunos de 4º ano do ensino fundamental], no qual a estrutura são textos de 4 ou 5 páginas e uma bateria de questões. Alunos brasileiros nessa faixa etária, mesmo os mais velhos, não estão acostumados. Precisamos criar o gosto pela leitura desde cedo”, afirma.

 

Só 9,5% dos estudantes brasileiros de 15 e 16 anos chegaram a ler algum material com mais de 100 páginas em 2018 – índice muito inferior ao de outros países da América Latina, como Chile (64%), Argentina (25,4%) e Colômbia (25,8%). Em exemplos de nações reconhecidamente bem-sucedidas na educação, como na Finlândia, o patamar chega a 72,8%.

 

 

Entre os alunos que leram textos de no máximo uma página, só 6% atingiram o patamar 3 na média geral do Pisa (o máximo é 6), que avalia leitura, matemática e ciências. Já entre os que leram mais de 100 páginas, o índice foi bem mais alto: de 33%.

 

 

Apesar desses números negativos, as respostas ao questionário do Pisa mostram que os jovens do Brasil veem a leitura de forma positiva: tanto na rede pública quanto na privada, mais de 40% dos alunos afirmam que gostam de falar sobre livros (média superior à registrada pelos países da OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

 

 

Existem algumas hipóteses para explicar por que os jovens estão lendo tão pouco no Brasil como:

 

 

  • Baixo estímulo (seja em casa ou na escola) à leitura;
  • Dificuldades cognitivas e déficits de aprendizagem – no Pisa 2018, 44,9% dos participantes disseram que precisam ler muitas vezes o mesmo texto para compreendê-lo;
  • Número insuficiente de bibliotecas públicas, nas ruas ou nos colégios, principalmente da rede pública.

 

 

Segundo estudos prévios citados pelo Iede, o hábito de ler ajuda o aluno a:

 

 

  • Ampliar o vocabulário e expandir a visão de mundo;
  • Melhorar o desempenho na escrita;
  • Conquistar fluência verbal e cultura geral;
  • Compreender informações apresentadas sob diferentes formatos;
  • Desenvolver a cidadania e conhecer os próprios direitos.

 

 

O exemplo dentro de casa também é muito importante, pais que leem mais, próximos aos filhos, acabam sendo referência e estimula esses iniciantes a pegarem gosto pela leitura.

 

 

Este texto não reflete necessariamente a opinião do Jornal Somos.

 

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