quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Foto: Jonathan Lins/G1
Parece ser algo cultural do brasileiro, o famoso empurrar com a barriga, tanto que quase dez anos depois de Mariana, a primeira grande tragédia ambiental da história recente. Após Mariana, tivemos Brumadinho, e agora podemos ter Maceió também. A Prefeitura de Maceió decretou situação de emergência, nesta quarta-feira (29), por risco iminente de colapso de uma mina da petroquímica Braskem na Lagoa Mundaú, no bairro do Mutange.
Segundo o governo do estado, houve cinco abalos sísmicos na área no mês de novembro, e o possível desabamento pode ocasionar a formação de grandes crateras na região. Em atualização na manhã de hoje (30), a Defesa Civil municipal informou que a área está desocupada, mas por precaução, recomenda que embarcações e a população evitem transitar no local até nova atualização do órgão.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que entrou em contato com o Ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, solicitando prontidão e alerta da Defesa Civil Nacional para acompanhar “as graves consequências geradas pela exploração das minas pela Braskem, em Maceió”. A Defesa Civil de Alagoas alertou que uma ruptura no local pode ter um efeito cascata em outras minas.
Minas de Maceió
As minas da Braskem em Maceió são cavernas abertas pela extração de sal-gema durante décadas de mineração na região. Essas cavernas estavam sendo fechadas desde 2019, quando o Serviço Geológico do Brasil (SGB) confirmou que a atividade realizada havia provocado o fenômeno de afundamento do solo na região, o que obrigou a interdição de uma série de bairros da capital alagoana.
O caso tornou-se conhecido após um tremor de terra sentido por moradores de alguns bairros em março de 2018. No Pinheiro, um tradicional bairro da capital alagoana, além dos tremores surgiram rachaduras nos imóveis, fendas nas ruas, afundamentos de solo e crateras que se abriram sem aparente motivo. Os moradores do bairro relataram que após um forte temporal, em fevereiro daquele mesmo ano, danos estruturais no bairro – que já eram frequentes – começaram a se agravar, culminando no tremor sentido semanas depois.
Estudos feitos posteriormente confirmaram que o tremor ocorrido em 2018 se deu em razão do desmoronamento de uma das 35 minas da área urbana. De acordo com as pesquisas, aquele não foi o único tremor, pois os laudos apontam a existência de outras minas deformadas e desmoronadas. Desde então, o Ministério Público Federal em Alagoas (MPF-AL) acompanha o caso, tendo assumido, em dezembro de 2018, a apuração dos fatos e iniciado atuação preventiva em favor dos moradores.
Em julho deste ano, a prefeitura da cidade fechou um acordo com a empresa assegurando ao município uma indenização de R$ 1,7 bilhão em razão do afundamento dos bairros, que teve início em 2018. Segundo a administração municipal, os recursos serão destinados à realização de obras estruturantes na cidade e à criação do Fundo de Amparo aos Moradores (FAM).
O pior de tudo é o descaso dos políticos em relação à essas tragédias, a cultura do “deixa pra depois”. A CPI da Braskem não foi instaurada por falta de indicações no Senado Federal. Enquanto os políticos não se mexem, uma cratera do tamanho do maracanã pode ser aberta.
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