quarta-feira, 03 de julho de 2024

Coluna Bento Junior: HOSPITAL COLÔNIA DE BARBACENA E TRÁGICA HISTÓRIA DO "HOLOCAUSTO BRASILEIRO"

POR Bento Júnior | 28/02/2024
Coluna Bento Junior: HOSPITAL COLÔNIA DE BARBACENA E TRÁGICA HISTÓRIA DO

Foto: Luiz Alfredo/O Cruzeiro/Arquivo

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Muito se tem falado na tragédia que foi o assassinato em massa dos judeus durante a Segunda Grande Guerra, devido às recentes comparações do atual presidente do que está ocorrendo em Gaza com o genocídio provocado pelos alemães durante a guerra. Porém há um episódio na história brasileira que é mais similar à tragédia dos Campos de Concentração. E é para contar essa história, do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena, que chega ao streaming o documentário “Holocausto Brasileiro”.

 

A obra é impactante, e destaca um dos capítulos mais trágicos e sombrios da história do Brasil no contexto dos direitos humanos. Baseado no livro homônimo de Daniela Arbex, publicado pela Intrínseca, o documentário oferece um olhar detalhado sobre as condições desumanas a que pacientes do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena, conhecido como “Colônia”, foram submetidos. Esse local, nas décadas de 1960 a 1980, foi palco de mais de 60 mil mortes, evidenciando um período de negligência e crueldade extremas.

 

A peça revela as histórias de pessoas marginalizadas e estigmatizadas pela sociedade, incluindo homossexuais, prostitutas, mães solteiras e vítimas de abuso, muitas das quais foram enviadas ao Colônia sem diagnóstico psiquiátrico preciso. Os indivíduos foram submetidos a torturas e tratamentos brutais, como alimentação forçada com ratos, ingestão de água de esgoto, exposição ao frio, além de sessões de eletrochoques, tudo sob a conivência do estado e da sociedade da época.

 

Dirigido por Daniela Arbex e Armando Mendz e lançado originalmente em 2016, Holocausto Brasileiro, classificado para maiores de 16 anos, mergulha nas histórias ocultas do “Colônia”, com uma duração de 90 minutos e está disponível na Netflix. O filme expõe as condições desumanas enfrentadas por sobreviventes, ex-funcionários, pesquisadores e familiares, desvendando verdades ocultadas durante mais de cinco décadas. As comparações com o Holocausto judeu vão para além da desumanização das pessoas, até por que o modo como os pacientes chegavam no Colônia era similar ao modo como os judeus chegavam aos campos de concentração, e ambos eram setores marginalizados da sociedade que passavam por algum tipo de experimento nas mãos dos gestores dos lugares.

 

Não só o documentário, mas também outras produções foram feitas já sobre o caso, como o próprio livro que baseia a produção e também o podcast “Modus Operandi” em seu episódio de número 134 também comenta sobre o episódio, com os comentários das apresentadoras. Outra opção também é o já citado livro que deu origem ao filme. Há também o documentário “Em Nome da Razão” de 1979, disponível no Prime Vídeo e a série “Colônia” de 2021, disponível pelo Globoplay. E você, já conhecia essa história?

 

 

 

 

Este texto não reflete necessariamente a opinião do Jornal Somos.

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