quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Foto: Reprodução/Redes Sociais
Jéssica Vitória Canedo, 22 anos, uma jovem que tinha toda uma vida pela frente teve seus sonhos interrompidos, após tirar a própria vida. Antes de mais nada vamos voltar um pouco para tentar entender o que pode ter levado a jovem a cometer tal ato.
Dias antes da morte, o nome da jovem foi envolvido em fake news. Prints falsos que simulavam uma conversa dela com o humorista Whindersson Nunes foram divulgados por perfis de fofoca (como a Choquei) em redes sociais. Ela passou a sofrer ataques na internet.
Jessica chegou a publicar uma mensagem no Instagram pedindo a exclusão dos posts. O humorista também apontou que as mensagens eram falsas. Na publicação da jovem, muitos tentaram descredibilizá-la pelo tamanho do “textão” feito por ela. Por já ter supostamente um quadro de depressão, com a exposição negativa e os comentários maldosos piorando o quadro da garota, ela acabou cometendo o ato contra si mesma. Após o acontecimento, a página de maior alcance a ter divulgado os ditos prints, a “Choquei” divulgou uma nota dizendo que nada teria a ver com a situação.
A Polícia Civil de Minas Gerais, que investiga o caso, foi questionada por uma reportagem do G1 se o inquérito investigará a responsabilidade de terceiros por publicações mentirosas que podem ter induzido a jovem a tirar a própria vida e se familiares e amigos já foram ouvidos. A resposta, no entanto, não apresentou detalhes, porém as páginas de fofocas ainda não foram citadas na investigação.
Além de parte da “cultura do cancelamento” onde as pessoas destilam seu ódio a pessoas ou empresas em situações pontuais, causando o tal cancelamento, o caso da morte de Jéssica tem sido utilizado também em contexto político, por pessoas favoráveis à “regularização das redes sociais” (que se for feita conforme está proposto atualmente, pode configurar censura).
Além de tudo, isso nos leva a pensar na importância que o jornalismo informal tem ganhado, usando o pretexto da liberdade de expressão muitas pessoas tem postado barbaridades na internet, se travestindo de “jornalismo”. Um caso recente que tivemos aqui em Rio Verde foi o julgamento pelo “tribunal da internet” do rapaz que foi conduzido à delegacia, para prestar depoimento por suposto envolvimento no caso da morte da jovem Larissa, no começo de outubro de 2023.
A imagem do rapaz foi amplamente divulgada erroneamente sem a devida preocupação com a apuração das circunstâncias e com a imagem do rapaz, levou muitos populares até a sugerir que ele teria cometido o crime de forma passional por ter um envolvimento com a vítima e em algumas versões até por ela estar grávida dele. No final das contas, mesmo a população desejando a morte do rapaz pelo crime, foi constatado que ele nada tinha a ver com o caso.
Isso nos leva ao principal ponto a ser repensado, com todos esses casos: Precisamos mesmo desse “tribunal da internet”? Vale a pena dar tanta atenção à tantas páginas que se dizem jornalísticas, mas que propagam apenas fofocas sem nem ao menos a devida checagem, como a “Choquei” com o caso Jéssica? Devemos refletir sobre a que ponto a nossa sociedade está se encaminhando, às vezes dá a parecer que voltamos novamente à “Caça às Bruxas”, porém dessa vez as vítimas são as reputações, atacadas a qualquer custo sem a mínima apuração, como se faziam com as denúncias de bruxas tempos atrás.
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