domingo, 08 de dezembro de 2024

Brasil

Cerca de 6,5 mil recenseadores deixam o IBGE após hostilidades

POR Jornal Somos | 21/08/2022
Cerca de 6,5 mil recenseadores deixam o IBGE após hostilidades

Redação Jornal Somos

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Já foram realizadas cerca de 6.550 rescisões de contratos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de trabalhadores temporários que faziam parte do Censo Demográfico de 2022. As desistências ocorrem em meio a relatos de agressões e hostilidades contra os recenseadores por parte dos moradores que deveriam prestar informações. 

 

Dentre os casos relatados sobre problemas com moradores entrevistados inclui-se até um relato de injúria racial em Belo Horizonte, Minas Gerais. 

 

"Sobre os casos de agressão, as unidades estaduais onde eventualmente há ocorrências são orientadas a informá-los. Os que são informados são encaminhados aos órgãos de segurança, além de apoio da área médica e social ao contratado", completou o IBGE. "A recomendação do IBGE aos recenseadores é inicialmente registrar em delegacia um boletim de ocorrência e comunicar ao coordenador ou ao supervisor para as providências cabíveis."

 

O órgão lembra que agentes, pesquisadores ou recenseadores são servidores públicos federais e que "crimes contra eles são sujeitos a investigações federais com base no art. 144, § 1º, inc. I, da Constituição da República Federativa do Brasil".

 

O instituto informou que até o momento as rescisões representam 4,7% do total de contratados, "número dentro do previsto", informou o IBGE, em nota.

 

Outra queixa foi em relação ao atraso do órgão em efetuar os pagamentos devidos aos temporários, porém o instituto afirma já estar praticamente regularizado. 

 

"O IBGE enviou ao banco, no dia 10.08.22, todas as folhas de pagamento da ajuda de treinamento, relativas a julho de 2022, praticamente zerando as pendências do mês passado. Hoje temos 99% dos pagamentos regularizados. Os residuais que faltam estão sendo resolvidos até hoje", respondeu o órgão estatístico, em nota.

 

São cerca de 75 milhões de lares brasileiros, nos 5.570 municípios do País a serem visitados pelos recenseadores que estão em campo desde 1º de agosto coletando informações.

 

A princípio o IBGE tentava recrutar um número ideal de 183 mil funcionários temporários, porém o trabalho de campo começou com um déficit de 15 mil entrevistadores. Após as desistências, não foi informado pelo órgão a quantidade de temporários que estão em campo. 

 

"O sindicato atribui essas desistências essencialmente ao corte no orçamento do Censo imposto pelo governo federal. O corte de R$ 800 milhões tanto determinou a piora na remuneração do recenseador em relação ao previsto originalmente, quanto inviabilizou uma divulgação mais ampla da pesquisa, o que dificulta demais o trabalho. Sem saber sobre o Censo, sem estar confiante sobre o que ele é e como é feito, uma parte da população não tem aberto a porta para os recenseadores e em alguns casos até age agressivamente contra eles. Sem recomposição do orçamento, o IBGE não vai conseguir terminar o Censo com qualidade", declarou, em nota, o sindicato de servidores do IBGE, através do Núcleo Chile do Assibge - Sindicato Nacional.

 

O Censo Demográfico é realizado a cada 10 anos, a operação deveria ter ocorrido em 2020, porém em decorrência da pandemia a operação foi adiada. Em 2021, o orçamento não trouxe os recursos necessários para a condução do Censo, que acabou cancelado novamente. 

 

O sindicato dos servidores do IBGE defende uma nova complementação orçamentária para garantir os recursos para que haja uma coleta de qualidade. Devido a um cenário de inflação pressionada, com elevação de custos de combustíveis, a possibilidade de um novo aporte de recursos chegou a ser defendida pelo Diretor de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, contanto o órgão refutou essa opção posteriormente, afirmando publicamente que as verbas já solicitadas e obtidas no orçamento federal eram suficientes para garantir a operação.

 

Para garantir a segurança dos moradores, o site do IBGE possui uma ferramenta que possibilita confirmar se o entrevistador que se apresentou como recenseador é mesmo contratado pelo órgão. Basta informar o número da matrícula que consta no crachá do entrevistador. Também são aceitos no processo de checagem online os números do CPF ou RG do trabalhador temporário.

 

 

Fontes: Correio 24 Horas

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