sábado, 20 de abril de 2024

Brasil

Bolsonaro nega envolvimento com o caso Marielle e ataca TV Globo e Witzel

POR Jornal Somos | 30/10/2019
Bolsonaro nega envolvimento com o caso Marielle e ataca TV Globo e Witzel
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Nesta terça-feira (29), o Jornal Nacional da TV Globo, mencionou o presidente Jair Bolsonaro na investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e Anderson Gomes, seu motorista, em março do ano passado.

 

 

De acordo com a reportagem, o depoimento de porteiro do condomínio onde Bolsonaro tem casa na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, indicaria que um dos acusados pelo assassinato teria chegado dizendo que iria à casa de Bolsonaro, que até então era deputado.

 

 

Após interfonar para a residência 58 a fim de confirmar se Élcio estava autorizado a entrar o porteiro identificou a pessoa que atendeu como “seu Jair”, em referência ao presidente. O porteiro disse ter acompanhado a movimentação das câmeras de segurança e viu que ao entrar no condomínio, o carro de Élcio se dirigiu à casa 66, onde morava Ronnie Lessa, também acusado pela morte de Marielle. O porteiro ligou novamente para a casa 58, e a pessoa identificada como “seu Jair” disse que sabia para onde Élcio dirigia.

 

 

 Registros oficiais da Câmara dos Deputados apontam que Bolsonaro participou de votações na Casa às 14:30 e 20h30, em Brasília, ou seja, não poderia estar no Rio de Janeiro. O presidente estava em Brasília e nega ter qualquer envolvimento com o crime.

 

 

Ainda na noite de terça-feira (29), após a reportagem do JN, o presidente Jair Bolsonaro, culpou o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, por repassar informações à imprensa, o governador negou a acusação.

 

Veja live de Bolsonaro:

 

 

A Polícia Civil divulgou nota negando que Witzel tenha tido acesso ao processo. (Leia na íntegra no final da reportagem).

 

O presidente disse que Witzel se elegeu graças a seu filho, Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), mas que virou inimigo de sua família após assumir o governo. “Ele já se lança candidato a presidente para 2022. Para atingir seu objetivo, ele tem que destruir a família Bolsonaro”.

 

Na manhã desta quarta (30), em entrevista a jornalistas em Riad (Arábia Saudita), o presidente voltou a fazer a afirmação, e disse ainda que o governador havia lhe dito sobre o depoimento do porteiro no Clube Naval do Rio de Janeiro, 21 dias atrás.

 

"Deixar bem claro também: dia 9 de outubro, às 21h, eu estava no Clube Naval no Rio de Janeiro, quando chegou o governador Witzel [...]. Chegou perto de mim e falou o seguinte: 'O processo tá no Supremo'. Eu falei: 'que processo?' 'O processo da Marielle.' 'Que que eu tenho a ver com a Marielle?' 'O porteiro citou teu nome.' Ou seja, Witzel sabia do processo, que estava em segredo de Justiça. Comentou comigo", afirmou o presidente.

 

"Vem de encontro aqui o que fala o Robson Bonin, do Radar da 'Veja'. No meu entendimento, o senhor Witzel estava conduzindo o processo com o delegado da Polícia Civil pra tentar me incriminar ou pelo menos manchar o meu nome com essa falsa acusação, que eu poderia estar envolvido na morte da senhora Marielle."

 

 

O evento citado por Bolsonaro não consta na agenda oficial do presidente. No dia em que disse ter ido ao Clube Naval, sua agenda previa uma reunião às 17h30 com os ministros e, por volta das 21h00, ele deixou um evento no Clube do Exército em Brasília. A agenda pública de Witzel não está disponível no site do governo do RJ.

 

 

Na noite de terça-feira Witzel divulgou nota falando sobre o caso (nota na íntegra no final da matéria). Nesta quarta-feira voltou a falar do assunto:

 

"Jamais vazei qualquer tipo de informação, seja como magistrado, seja como governador. Eu lamento que o presidente tenha, no momento, talvez de descontrole emocional, no momento em que ele está numa viagem, não está, talvez, no seu estado normal, tenha feito acusações contra a minha atividade como governador."

 

O governador ainda completou, pedindo para que a Polícia Federal investigue. "Desafio quem quer que seja a provar que eu vazei qualquer tipo de documento [...]. Peço à PF que investigue, porque se houve vazamento, certamente, em absoluto, não foi da minha parte", disse o governador.

 

 

Nota da Polícia Civil do RJ

"A Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro é uma instituição de estado, não de governo, com 211 anos de serviços prestados à sociedade fluminense. Todas as investigações são conduzidas com absoluta imparcialidade, técnica e observância à legislação em vigor.

 

O governador Wilson Witzel não interfere na apuração dos homicídios de Marielle e Anderson nem teve acesso aos documentos do procedimento investigativo, assim como em quaisquer outras investigações.

 

A Polícia Civil reafirma que a investigação desse caso é conduzida com sigilo, isenção e rigor técnico pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), sempre em parceria com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro."

 

Nota de Witzel

"Lamento profundamente a manifestação intempestiva do presidente Jair Bolsonaro. Ressalto que jamais houve qualquer tipo de interferência política nas investigações conduzidas pelo Ministério Público e a cargo da Polícia Civil. Em meu governo, as instituições funcionam plenamente e o respeito à lei rege todas nossas ações. Não transitamos no terreno da ilegalidade, não compactuo com vazamentos à imprensa. Não farei como fizeram comigo, prejulgar e condenar sem provas"

 

O governador ainda completa em nota: "Hoje, fui atacado injustamente. Ainda assim, defenderei, como fiz durante os anos em que exerci a Magistratura, o equilíbrio e o bom senso nas relações pessoais e institucionais. Fui eleito sob a bandeira da ética, da moralidade e do combate à corrupção. E deste caminho não me afastarei"

 

 

 

 

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