quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Brasil

Até o pãozinho está mais caro!

POR Jornal Somos | 14/09/2018

Produtos à base de trigo, como os pães, têm alta dos preços nos últimos dois meses

Até o pãozinho está mais caro!

Redação Jornal Somos

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Desde julho, os preços de produtos à base de trigo, como massas alimentícias, pães e biscoitos, além da própria farinha de trigo, já aumentaram em até 10%, segundo estimativas de entidades que representam a indústria do setor no país. O percentual representa cerca de 40 vezes a variação da inflação média dos últimos dois meses, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que subiu 0,24% entre julho e agosto.

 

A principal explicação para a inflação dos alimentos à base de trigo está na dependência externa que o Brasil tem do produto combinada com as recentes oscilações do dólar e do preço do produto no mercado internacional. O trigo é um dos poucos grãos que o Brasil tem que importar de outros países para abastecer o mercado doméstico.

 

Pelos dados mais recentes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o país deve produzir 5,2 milhões de toneladas de trigo em 2018 e comprar do exterior mais 6,3 milhões de toneladas, a maior parte oriunda da Argentina, seguida de países como Estados Unidos, Paraguai, Uruguai e Rússia.

 

O preço do trigo, que é um dos principais produtos negociados na Bolsa de Chicago (CME Group), nos EUA, chegou a atingir US$ 197,80 (R$ 819) por tonelada em agosto, o maior valor desde julho de 2015. Na parcial de setembro, o preço caiu um pouco, para US$ 181 (R$ 749,34), mas ainda bem superior à média do início do ano (US$ 158,91/ton em janeiro).

 

Além disso, como o preço internacional do produto é calculado em dólar, a desvalorização do real aumenta seu custo de importação. No ano, o dólar se valorizou ante ao real em 22,86%, no acumulado até agosto. Somente no mês passado, essa valorização foi de 8,45%.

 

O economista Cláudio Laval, concedeu uma entrevista ao Jornal Somos, comentando sobre este aumento consequente no trigo e as variações do dólar que acabam afetando o mercado brasileiro.

“Como o trigo ainda precisa ser importado para o Brasil, além da alta do preço em função da produção e colheita no exterior, também se soma a flutuação do dólar. Como estamos vivendo um momento de dólar alto, o produto fica mais caro ainda para que a gente possa abastecer a indústria de alimento com o trigo, então, por isso, essa sensibilidade no preço de 10%, é um aumento bastante expressivo. O trigo é um dos alimentos básicos da sociedade brasileira em função dos pães e na utilização na produção de alimentos nas indústrias de uma forma geral”.

 

O economista também deu dicas aos empresários e consumidores para não terem queda nas vendas e não pararem de consumir o pão tradicional por conta do aumento. 

“Existem produtos que tem uma sensibilidade maior na demanda porque são substituíveis. Neste caso, se deixássemos de comer o pão, não existiria outro produto substituto, não é como o feijão preto que você pode substituir pelo carioca, outro exemplo é a carne, se aumentar o preço da carne do gado você tem a opção da carne das aves, suínos ou peixe, são produtos que tem substitutos, já o trigo não têm isso. Resta a nós, consumidores finais, procurar por preços mais atrativos, nos supermercados que utilizam da estratégia de marketing de oferecer o pãozinho mais barato mantendo o preço, para que o consumidor vá até seu estabelecimento comercial e possa estar comprando não só o pão, mas a manteiga, o café e outros produtos complementares. Então, se a gente puder fazer a compra do pão nos supermercados e não comprar outras coisas que não se precise de fato comprar, você consegue ainda segurar um pouco o orçamento doméstico. Infelizmente alguns produtos, de acordo com sua natureza, terão esse comportamento no mercado”, concluiu.

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