terça-feira, 16 de abril de 2024

Após um ano, heroína do massacre na escola de Suzano diz que sua recuperação "é aos poucos"

POR Ana Carolina Morais | 13/03/2020
Após um ano, heroína do massacre na escola de Suzano diz que sua recuperação

Arquivo Pessoal

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No dia 13 de março de 2019 a escola Raul Brasil, em Suzano-SP, sofria o episódio que ficou conhecido como “massacre de Suzano”. Neste fatídico acontecimento, uma pessoa se destacou como heroína. A aluna e atleta de jiu-jitsu Rhyllary Barbosa, de 16 anos, enfrentou um dos assassinos e conseguiu abrir a porta de entrada da instituição, permitindo que outros estudantes pudessem escapar. Um ano após a tragédia, a jovem revela estar se reestabelecendo: “ainda estou em fase de recuperação e isso leva tempo, é aos poucos”.

 

 

Para Rhyllary, ainda é difícil lidar com o que aconteceu. “Passou muito rápido, porém parece que foi recente. Frequentar a escola tem sido muito difícil porque não é mais um ambiente que eu me sinto segura, não é um ambiente em que eu possa estar relaxada pensando que nada de ruim pode acontecer lá dentro”, conta.

 

 

A experiência traumática modificou a vida da estudante em diversos aspectos, inclusive em sua relação com os familiares e pessoas próximas. “A minha convivência com amigos, família, nunca foi ruim, porém eu tô tentando melhorar. O que aconteceu mexeu muito comigo e consequentemente mexeu muito com a minha família também. Tem muitas coisas difíceis, muitas fases que parecem que não vão passar, porém ainda tô tentando”.

 

 

As fortalezas da estudante para enfrentar o trauma são Deus e sua fé, o esporte e, claro, a sua família. Mesmo assim, ela conta que é muito difícil superar, principalmente devido à constante falta de segurança a qual estamos submetidos diariamente. “O sentimento de medo, de insegurança e saudade infelizmente nunca vão passar, porque também a sociedade não ajuda, os perigos do dia-a-dia não ajudam, as notícias não ajudam, porém é isso, a gente tá aqui e não pode parar, eu tenho que seguir”.

 

 

 

 

 

O poder do esporte

 

No dia do ataque, Rhyllary decidiu confrontar um dos assassinos na tentativa de conseguir fugir juntamente com seus colegas, e foi a prática do jiu-jitsu que a auxiliou nesse momento, quando o assassino tentou derrubá-la e ela conseguiu se manter firme. “[O esporte] impactou bastante (...) porque foi algo que salvou a minha vida. Abaixo de Deus, a técnica do jiu-jitsu que não deixou eu cair naquele momento”.

 

 

No momento, a jovem atua como atleta federada e confessa: “pretendo competir lá fora e levar o nome do Brasil comigo”. Como possui a pretensão de seguir no esporte e o levar como carreira, ela está planejando fazer faculdade de Educação Física, “pra poder dar aula de jiu-jitsu e ensinar as novas gerações, ensinar a importância do esporte”.

 

 

 

 

Sonhos com o futuro

 

Os planos futuros de Rhyllary não param no esporte. Além da faculdade de Educação Física, ela também pretende cursar Direito, se tornar delegada e até, quem sabe, adotar como hobbie o teatro, sem descartar, também, a possibilidade de ser modelo e de sair do país para estudar.

 

Cheia de sonhos e planejamentos, ela explica que ainda irá se descobrir mais, sem urgência ou pressão, pois “ Uma coisa vai levando a outra. (...) Conforme a vida vai indo, conforme eu vou enxergando as coisas e ampliando a minha visão, eu vou saber exatamente sobre tudo o que eu quero e que eu vou fazer”.

 

 

Aprendizados

 

Apesar da pouca idade, a jovem atleta afirma já entender como viver é algo único. “O que eu aprendi com esta fatalidade foi a ser mais flexível com tudo, a ser mais atenta a tudo e a saber que a vida é mais valiosa”.

 

 

Para aqueles que passaram por momentos traumáticos como o dela, Rhyllary deixa um recado esperançoso: “O que eu tenho a dizer é pra você não perder a fé na vida, não perder a fé em você. Nenhum sofrimento é eterno.  Você pode estar sofrendo hoje, mas amanhã é outro dia. (...) Você precisa de apoio, precisa se apoiar e saber que não está sozinho. E se você se vê sozinho, que você seja sua própria companhia e seu próprio conforto, que seu corpo seja sua casa. (...) A sua vida tem que continuar. Se você parar, o mundo para pra você, e o mundo só se move quando você se move”.

 

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