quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil
Uma em cada quatro mensagens de cunho político compartilhadas em aplicativos como WhatsApp e Telegram é considerada duvidosa – ou seja, conteúdos exagerados, distorcidos ou falsos. Os dados são de um estudo inédito elaborado pelo Instituto de Pesquisa Ideia, obtido com exclusividade pela CNN.
O trabalho, intitulado “A corrida do WhatsApp: Marcas, fakes e uma nova fronteira de dados”, feito em parceria com o Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (Ibpad), quantificou o teor e a proporção que essas mensagens ocupam nos dois principais aplicativos usados pelos brasileiros. Para o trabalho, foi criada uma ferramenta, chamada v-Groups, que monitora o conteúdo acessado por 3,5 milhões de usuários de WhatsApp e Telegram, em uma proporção aproximada de 4 vezes mais mensagens no primeiro app em relação ao segundo.
No estudo, foi detectado que 25% dos conteúdos de teor político exageram ou distorcem informações, ou ainda disseminam desinformação sobre polarização ideológica, legislação e até sobre políticas públicas, como benefícios sociais, entre outras – exemplo disso foi visto durante a pandemia da Covid-19.
O levantamento aponta que 11% dos brasileiros afirmam receber mensagens políticas no WhatsApp diariamente. A diretora-executiva do v-Groups e CEO do Ideia, Cila Schulman, observa que esses dados foram obtidos em um ano ímpar, sem disputa eleitoral. “É muito provável que esses números sejam maiores em períodos de campanhas”, avalia.
Homens são mais sujeitos as fakes news que mulheres
Outro achado da pesquisa é que os homens recebem 9% mais mensagens sobre política do que as mulheres em geral, e 13% mais fake news e desinformação. Cila Schulman aponta ainda que pelo menos 10% das mensagens de conteúdo duvidoso são explicitamente hostis, o que as torna um ambiente propício ao aumento da polarização política radicalizada. A diretora-executiva do v-Groups também destaca que muitos desses conteúdos duvidosos não se restringem à esfera pública ou aos partidos e agentes políticos.
“Também há diversas situações que envolvem empresas, o que representa grande risco de imagem e reputação para as marcas”, explica Cila. São casos de companhias ou produtos associados a algum espectro político que acabam, por esse motivo, sendo alvo de campanhas de boicote ou de desinformação que podem afetar o desempenho dos negócios.
Para realizar esse estudo, a ferramenta selecionou, de forma aleatória, 5.761 usuários previamente cadastrados entre os 3,5 milhões monitorados pelo v-Groups, com dados coletados entre julho e agosto deste ano, seguindo normas da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). A cada 100 mensagens cujo teor foi analisado e quantificado, 82 circularam por meio do WhatsApp e 18, pelo Telegram.
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