sexta-feira, 19 de abril de 2024

Para Zacharias Calil: O funcionário público tem que servir a população e o político é um funcionário público

POR | 10/09/2018

Dr. Zacharias Calil que é candidato no estado, veio de Goiânia para Rio Verde para responder as perguntas do JORNAL SOMOS. Confira a seguir.

Para Zacharias Calil: O funcionário público tem que servir a população e o político é um funcionário público

Eduardo Santos

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Dr. Zacharias Calil que é candidato no estado, veio de Goiânia para Rio Verde para responder as perguntas do JORNAL SOMOS. Confira tudo na matéria a seguir.

 

JS – Recentemente realizou a cirurgia de separação de gêmeas siamesas. Como elas estão e como se vê por um dos poucos no país a realiza-la no país?

 

ZACHARIAS: Até o momento aqui na região do centro oeste, só temos nós. Tem por exemplo, um paciente que nós atendemos agora recente, semana passada, ele era para ser encaminhado para um serviço maior, mas eles não tinham aquela condição, equipe pronta para fazer a cirurgia. Então vejo com muita propriedade, primeiro pela nossa experiência, começamos no ano de 2000 a primeira cirurgia, então são 18 anos de experiência. E o mais interessante disso tudo, é que a equipe é a mesma. Tanto a equipe dos médicos quanto de enfermagem, isso é muito importante para ter resultado. Esse caso agora nos marcou muito porque foi bem programada e com solução. Uma senhora que estava grávida em outro estado, foi constatado que ela tinha essa gravidez complexa de gêmeas siamesas, uma das crianças tem uma cardiopatia congênita gravíssima, com índice de mortalidade muito alto, e a outra normal. O pessoal pediu ajuda de Salvador, ela chegou aqui 1h da manhã e já foi avaliada pela equipe de obstetrícia, no outro dia de manhã foram realizados novos exames. A seguir foi feita a cesariana pela mesma equipe que faz os partos de siameses, foi comprovado o diagnóstico, na quinta-feira as meninas foram separadas e estão estáveis. Então eu vejo como uma coisa muito importante na área médica porque isso é uma medicina de grande resultados, no mundo não teve ainda nenhum caso semelhante a esse, de você separar dois recém-nascidos com menos de 24h de vida, e conseguir que as duas sobrevivam, para que uma tenha a condição de ser separada. Agora tive a notícia que ela vai ser encaminhada para São Paulo porque o tratamento fora de domicílio foi encaminhado para que ela seja operada lá numa estrutura maior e eu fiquei muito feliz com isso, porque a tecnologia de São Paulo, em relação a cardiologia, é muito maior do que qualquer parte do Brasil todo mundo. Quer dizer que podemos ter um resultado ainda melhor. Não desmerecendo Goiás, mas a gente sabe disso. É uma realização muito grande, então o benefício que causamos também é grande.

 

 

JS – Qual a expectativa para cada uma das crianças?

 

ZACHARIAS: Uma coisa que vou falar aqui que eu descobri no passar dos anos, que a literatura médica não tinha descrito ainda, que quando os gêmeos siameses têm um menor e o outro maior, o que mantém o maior é o menor, por incrível que pareça. Na hora que a gente faz a separação, o próprio anestesista nos comunica se ouve alteração, no caso, a Catarina que é a menor, hoje ela está bem mais estável, ela já está respirando espontaneamente, sem ajuda de aparelhos sem ajuda de oxigênio, no colo da mãe se recuperando prontamente. A Débora que tem a cardiopatia congênita, apresenta várias instabilidades durante o período do dia, mas devido a própria condição dela, até elas estão estáveis dentro dos parâmetros normais.

 

 

JS - Qual é a cirurgia que o senhor considera mais importante na sua carreira?

 

ZACHARIAS: O que foi um ícone na minha vida, emblemático, foi o caso da Larissa e Lorraine, acho que esse aí nos pegou de surpresa. Eu era muito jovem profissionalmente na época para pegar um caso desses, eles geralmente são pacientes encaminhados para grandes centros e nós assumimos o caso em Goiás, formamos a equipe e tivemos o apoio do governo na época. Isso foi muito importante porque a gente conseguiu se realizar, porque a formação para isso nós tínhamos, e gerou um ganho de experiência profissional em todos os sentidos, à sociedade, à medicina de Goiás. Acho que foi um marco na minha carreira, e também achei que aquilo ia terminar, porque você ver um caso de siameses é muito raro, e de repente começaram a surgir outros casos. Foi uma abertura.

 

 

JS - No último dia 20, a rádio Líder através do Instituto Mix Load realizou uma pesquisa no Sudoeste goiano e entre as questões que foram propostas, a saúde foi indicada pela comunidade como a necessidade mais urgente de se atender pelas ações de governo. Como que o senhor vê isso diante do que você se propõe na sua área?

 

ZACHARIAS: Eu trabalho num hospital público desde 1984, não só em Goiás, como no Distrito Federal que trabalhei, e vejo isso como uma preocupação porque eu estou na linha de frente, onde a gente leva os problemas para o secretário e essa população que veio de fora, que fica aguardando, tem paciente que para você ter uma ideia, para chegar lá no meu consultório no Hospital Materno Infantil (HMI) às vezes gasta dois anos. Tem criança que tem o problema desde quando nasceu, mas chega comigo com um ano e meio ou dois anos, porque isso?! Porque essa regulação não funciona de uma maneira mais eficiente, porque que nós não temos setores regionais para que esses problemas sejam resolvidos. Então a proposta do nosso futuro governador Ronaldo Caiado, e a minha também, porque nós estamos sintonizados nessa área, é de regionalizar a saúde e fortalecer também os conselhos estaduais e municipais de saúde para que essas verbas sejam melhores e transparentes.

 

 

JS - Como que você pretende representar a área da saúde na política mais especificamente?

 

ZACHARIAS: Primeira coisa, nós temos que ter um fortalecimento na câmara, existem várias bancadas, onde cada um defende os seus interesses. Então, a medicina ficou muito para trás, porque o médico, a maioria não se interessa pela política e os que se interessam na política estão focados em outras áreas, como o agronegócio. Então, hoje nós estamos fortalecendo a medicina, numa campanha de formar uma bancada médica na câmara, não só para médicos, mas no sentido de toda a área da saúde para que se possa fortalecer e trazer recursos e emendas parlamentares, principalmente para o investimento na área. Porque senão vai sucateando, os hospitais vão se acabando. Outro detalhe importante, é levar o médico para aquela região, porque hoje todos são comissionados, o prefeito daquela cidade tem compromissos, contrata um médico que trabalha dois ou três meses, paga depois não paga mais, promete um salário alto e não cumpre o que prometeu. Então vai ter a carreira do médico para que ele se estabilize, você não tem um juiz ou um promotor?! O médico também tem isso aí, ou deveria ter, hoje ele não tem, ficamos nas mãos dos políticos. As vezes o médico faz um trabalho enorme  com a população, já presenciei isso, já vi acontecer, ele fica dois ou três meses e vai embora. Existem várias denúncias por ai de como a população está sendo tratada.

 

 

JS - Como vai equilibrar as duas profissões de médico e política, que exigem tanto?

 

ZACHARIAS: Eu estou com 63 anos, já sou aposentado pelo governo do Distrito Federal, poderia esse ano também pela Secretaria de Saúde de Goiás. Mas decidi entrar na política depois que eu construí minha carreira médica, sei de todos os problemas que existe, estou na linha de frente, já briguei muito, e vejo a grande preocupação da população em relação a minha pessoa, devido aos procedimentos que fiz. Mas isso pode ser bem conciliado, com planejamento. Por exemplo, se chegar um caso de gêmeos siameses no estado, é claro que não vou me furtar de atendê-lo. Estava em campanha agora e parei para fazer esse atendimento. Então o caminho é esse, fazer um planejamento, além de já termos uma equipe que possa fazer o acompanhamento e só na hora da cirurgia, peço licença da Câmara e vou trabalhar durante os dias que for necessário. Acho importante não abandonar as raízes, porque eu cresci no serviço público, vim da escola pública, do primário, do ginásio, do colegial, da universidade, do hospital público, e estou lá até hoje. Penso que o funcionário público tem que servir a população e o político é um funcionário público. O que está acontecendo no Brasil é uma inversão de valores, eles não são autoridades, são deputados, e tem que retornar isso para a população porque, na hora de pedir voto, vão atrás, e depois você sabe o que acontece.

 

 

JS - Como sua chapa entendeu a proposta em fazer campanha sem financiamento?

 

ZACHARIAS: Ótimo, inclusive, estou sendo beneficiado por isso, porque sou uma pessoa muito conhecida, sou uma pessoa pública e não aceito, jamais aceitaria, o financiamento da minha campanha com pessoas jurídicas. Já tive propostas, mas recuso porque acho que a pessoa tem que ser eleita pelo que ela é, pelo o que ela representa, pelo seu trabalho prestado na sociedade e pelo reconhecimento que a sociedade tem com esse profissional, de qualquer área, então tem que mostrar serviço. Se ele mostrou serviço, é um candidato leve, as pessoas conhecem, confiam e sabem do seu trabalho. Nessa nova política, são as redes sociais que vão divulgar bastante do trabalho do candidato, e também as propostas que você divulga o tempo todo nas redes sociais. Ficou mais fácil do eleitor se aproximar do candidato e saber quem ele é, porque hoje, se você digitar qualquer nome na internet, você vai saber quem é a pessoa anteriormente. Ver se ele é ficha suja, se ele é ficha limpa. Vejo isso como um grande diferencial que tem favorecido as pessoas como eu.

 

 

JS - Você realmente acredita que pode alcançar a Câmara realizando apenas o seu serviço, sem financiamento?

 

ZACHARIAS: Eu sou muito idealista, eu acredito que sim. Se realmente a população quer isso, é isso que ela vai ter que fazer. Não sou eu quem tem que provar, nós que somos eleitores que temos que provar exatamente isso, que você quer votar num candidato pelo que ele é e pelo que ele representa e não pelos bens materiais, pelo poder econômico que tem. A gente está cheio de ver essas coisas, essas denúncias. Agora se vou ficar um pouco frustrado se eu não for eleito? Eu acho que não. Tem aquela teoria, pelo menos fiz a minha parte, esse é o meu ideal, porque todos nós vivemos da política, não adianta, se você tiver a vontade política você vai conseguir maior benefício para a população. Eu como cirurgião, ajudei a formar uma equipe de cinquenta pessoas e conseguimos colocar um hospital público, que na época era muito ruim, em evidência mundial, imagina se tiver vontade política para que isso possa ser revertido na população em algo geral. Não só em uma especialidade, mas num projeto. É meu grande sonho fazer um hospital pediátrico em Goiás, porque Goiás não tem, nunca teve. Existe esse HMI, que está aí desde a década de 70, o número de leitos é o mesmo, a estrutura é antiga, volta e meia cai energia, dá vazamento, uma série de problemas. As vezes não pode instalar um ar-condicionado em determinado local, então você tem que construir um novo para que você tenha todas as especialidades, as crianças sejam atendidas, com exames. Por exemplo, uma criança internada na UTI, que precisa fazer uma tomografia computadorizada de crânio e abdômen, tem que tirar o médico que está no plantão, uma enfermeira, um técnico de enfermagem, pedir uma ambulância UTI, levar para determinado local, fazer o exame e voltar, e os exames ainda voltam sem laudo, o radiologista não dá o laudo na hora porque não está ali naquele momento, é uma batalha muito grande. Temos que ter tudo centralizado, inclusive para as pessoas do interior que possam se dirigir nos casos mais complexos, serem atendidos naquela unidade.

 

 

JS - A chapa que você faz parte tem como principal foco de campanha a renovação. O que você coloca nas suas propostas de campanha que tem esse âmbito?

 

ZACHARIAS: Apesar de serem políticos, são pessoas novas, são pessoas ficha limpa, eu mesmo acho que sou novo, eu sou uma incógnita no partido, talvez eu represente o novo mais do que aqueles que estão lá. Mas a proposta é essa, de conseguir renovar, porque é geral no país uma queixa grande em relação aos políticos, que continuam do mesmo jeito, só trazem benefícios que interessam para eles e seus familiares, tem muitos que estão na política porque são filhos de fulano, não é assim. Precisamos renovar e trazer ideias novas que consigam renovar a situação do país. É claro que ninguém vai chegar lá e fazer milagre, igual um paciente que está na UTI, ninguém vai chegar lá e fazer milagre. Mas existe uma equipe que possa trabalhar para que a gente possa pelo menos mudar o esquema de corrupção que assola esse país. Está muito difícil de viver desse jeito. Eu estava conversando com o pessoal e os juros são altos, você não consegue investir no país, você não consegue uma pessoa comum, pessoa física, que fique sem entrar no cheque especial, e não pode atrasar uma parcela do seu cartão de credito, a vida dele acaba ali. A gente tem que procurar o benefício não só da área médica, mas social e econômica também, e brigar por isso, ter um representante lá que possa não apoiar o que está errado. Por isso que eu não estou fazendo esse tipo de compromisso com várias pessoas que nos procuram porque eu quero trabalhar independente. Eu não quero amanhã ninguém na porta da minha casa dizendo o que eu prometi, não quero isso. Eu acho que temos que ser eleito pelo que é e pelo que representa. Você tem que formar uma equipe de qualidade, de pessoas técnicas, eu tenho pessoas na minha equipe que são voluntárias, mas são pessoas extremamente técnicas que conhecem bem a área de atuação em cada local. Vemos muitas denúncias de que o deputado tem uma cota parlamentar para funcionário, então qual é o critério que você tem para ter uma pessoa de qualidade na sua equipe?

Essas são as minhas propostas não só na área da saúde, eu tenho experiência como gestor do meio ambiente, eu fui presidente da agencia ambiental, fui superintendente da secretaria de saúde. Como gestor, tenho grande experiência. Queremos trabalhar em todas as áreas, na saúde, no meio ambiente e ajudar o governo a fazer uma política limpa, e que se retorne para a população. Eu criei coragem para entrar e estou numa zona muito confortável da minha vida como médico, com um consultório bom, dando palestras nacionais e internacionais, sendo procurado por pacientes particulares. Então eu não precisava entrar, mas eu acho que a política precisa de pessoas do bem e por isso eu resolvi me candidatar.

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