sexta-feira, 19 de abril de 2024

Brasil

Projeto DNA Brasil irá mapear 15 mil pessoas para prever e tratar doenças

POR Jornal Somos | 12/12/2019
Projeto DNA Brasil irá mapear 15 mil pessoas para prever e tratar doenças

O Globo

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O projeto DNA Brasil, liderado pela cientista Lygia da Veiga Pereira, foi lançado nesta terça-feira (10) e irá identificar as características genéticas principais dos brasileiros com o intuito de prever doenças e antecipar tratamentos. A pretensão é de que seja mapeado o genoma de 15 mil pessoas de 35 a 74 anos de idade, se tornando, este, o maior levantamento já realizado no país, para que em cinco anos sejam obtidos os primeiros resultados.

 

“O desafio é entender quais variações genéticas estão associadas a quais características das pessoas. Nós somos o resultado do nosso genoma mais o nosso estilo de vida. O genoma é a receita do nosso corpo”, disse a pesquisadora durante a abertura do projeto na Universidade de São Paulo (USP).

 

 

O Ministério da Saúde irá oferecer dados epidemiológicos da população brasileira por meio do projeto ELSA Brasil. Algumas organizações privadas também estão envolvidas na pesquisa, como a Dasa, que irá financiar e realizar o sequenciamento das primeiras 3 mil amostras, a Illumina, que vai fornecer os insumos e a Google Cloud, que fará o armazenamento e proteção dos dados.

 

Além de inovações na área de pesquisa genética, as descobertas feitas pelos cientistas poderão também auxiliar nos diagnósticos e tratamentos de doenças como o câncer, a hipertensão, o diabetes, depressão, esquizofrenia e outras raras enfermidades.

 

Um grande exemplo do uso da genética como prevenção de doenças é o caso da atriz Angelina Jolie, que ao descobrir que o câncer de mama de sua mãe poderia ser originário da genética, decidiu por remover suas mamas e fazer implantes, evitando futura manifestação da enfermidade. Este caso foi muito citado durante o evento de lançamento do projeto.

 

Segundo o diretor médico da Dasa, Gustavo Campana, entre as 8 mil doenças consideradas raras, 80% possuem origem genética. Por outro lado, os cânceres hereditários representam 5 a 12% dos casos. Dessa forma, além de antever doenças, o mapeamento dos genes, juntamente as características da população brasileira, poderá oportunizar avanços em meios de tratamento que atuam diretamente nos genes, como o CRISPR – técnica de edição do DNA.

 

 

“O primeiro desafio é conhecer melhor a genética da população, um povo extremamente heterogêneo. Esse projeto é um marco da genética populacional no Brasil”, afirmou Campana.

 

Após o sequenciamento, será possível efetuar o cruzamento de dados sobre o DNA das pessoas com os dados sobre sua saúde.

 

Apesar do grande avanço tecnológico, esta nova medida sofre alguns dilemas éticos devido ao armazenamento e proteção de dados e a possibilidade destas informações serem utilizadas indevidamente. Os responsáveis pelo programa, ao serem questionados sobre este risco, se manifestaram. A Dra. Lygia declarou que “os participantes serão bem informados sobre o uso dos dados. Podemos descobrir coisas que a pessoa jamais irá imaginar. E alguns preferem não saber [que são predispostos a ter uma doença]”.

 

Para o Dr. Paulo Andrade Lotufo, o pesquisador principal do ELSA Brasil, “as pessoas dão seu consentimento e podem sair a qualquer momento do projeto. A ética do genoma muda dia a dia e estamos seguindo os parâmetros aplicados no mundo todo”.

 

Em relação ao uso do Google Cloud, foi afirmado pela empresa que os pacientes terão suas informações pessoais resguardadas e somente os pesquisadores terão acesso aos dados genéticos e nem mesmo os funcionários do Google conseguirão visualizá-los.

 

“Ainda assim, está garantida a anonimidade.  Posso trabalhar com o DNA da pessoa e não saber quem é”, explanou Lygia, líder do projeto.

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