quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Redação Jornal Somos
Os corpos de quatro estudantes e de duas funcionárias assassinadas no massacre que aconteceu ontem (13) em Suzano (Grande São Paulo) são velados desde as 7h da manhã na Arena Suzano. Caio Oliveira, 15, Claiton Antonio Ribeiro, 17, Kaio Lucas da Costa Limeira, 15 e Samuel Melquiades Silva Oliveira, 16, e das funcionárias Marilena Ferreira Vieira Umezo, 59, e Eliana Regina de Oliveira Xavier, 38, são seis das dez vítimas do ataque a tiros. (Leia mais sobre)
Os corpos de cinco vítimas serão sepultados hoje, no fim da tarde. Com exceção do corpo de Marilena, pois o filho dela está voltando da China para o enterro da mãe. Os cortejos começam às 15 horas. Todos os enterros serão realizados em jazigos coletivos do Cemitério São Sebastião. O corpo de Marilena continuará sendo velado na Igreja Matriz São Sebastião.
O corpo do comerciante Jorge Antônio de Moraes, 51, que foi a primeira vítima do sobrinho Guilherme Taucci Monteiro, 17, está sendo velado em outro local desde às 5h e será enterrado no cemitério Colina dos Ipês, em Suzano. O corpo do estudante Douglas Murilo Celestino, de 16 anos, está sendo velado desde a 00h30 em uma igreja evangélica na cidade. Ele vai ser enterrado às 16h também no cemitério Colina dos Ipês.
Os corpos dos assassinos, G.T.M. (17) e Luiz Henrique de Castro (25), serão velados em Mogi das Cruzes, cidade a cerca de 17 quilômetros de Suzano.
Para a americana Jaclyn Schildkraut, professora de Justiça Criminal da State University of New York (Universidade Estadual de Nova York) em Oswego, nos Estados Unidos, que há vários anos estuda massacres em escolas e universidades do país, esse excesso de atenção acaba recompensando os atiradores, ao torná-los famosos, e pode inspirar novos ataques. Especialistas ressaltam que uma das motivações desse tipo de massacre é a busca de atenção, fama e notoriedade.
Jovem enganou pai horas antes
Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, levantou ainda de madrugada e caminhou com o pai até a estação de trem, onde costumava chegar às 5h30. Os dois trabalhavam juntos com serviços gerais, retirada de entulho e capinagem. Na estação, Luiz disse ao pai que não estava se sentindo bem, tinha dor de garganta e febre e voltaria para casa. Não voltou. Foi encontrar com o amigo G.T.M., de 17 anos, com quem cometeu o massacre na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano (SP), que deixou dez mortos, incluindo os dois responsáveis pelos ataques.
Já a família de G.T.M. é conhecida entre os vizinhos por ser mais reservada. Não se sabe nem ao menos se a mãe morava com ele. Na pequena casa térrea, com muitos brinquedos espalhados no quintal, dizem que ele vivia com duas irmãs, de 7 e 9 anos, e o avô. A avó morreu há alguns meses. Fora da escola desde 2018, G.T.M. havia abandonado os estudos. Nos últimos cinco meses, fez bico em lanchonetes e trailers no centro. (Leia também)
Os vizinhos estavam acostumados a ver Luiz e o amigo juntos. Todos os dias, por volta das 17 horas, sentavam em frente a uma das casas e passavam horas conversando. Os amigos costumavam ir três a quatro vezes por semana a uma lan house a cinco quadras de suas casas. Ali jogavam os games Call of Duty, Counter Strike e Mortal Kombat.
Boletim dos feridos
Não há mais feridos em estado grave entre os 11 sobreviventes do massacre (Grande São Paulo) que permanecem internados em unidades de saúde estaduais, do município e em um hospital particular. Segundo novo boletim divulgado pelo governo do Estado às 11h de hoje, o estado de saúde do adolescente A.C.B., 15, que está internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital das Clínicas, em São Paulo, passou de grave, no início da manhã, para estável.
MP não descarta ação de organização criminosa na tragédia de Suzano
Segundo o procurador-geral, o Ministério Público vai atuar com o núcleo de investigações cibernéticas do Gaeco para averiguar os contatos mantidos pela internet de Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, e o adolescente G. T. M., de 17.
Os rapazes faziam parte de fóruns na internet ligados a videogames de violência. Logo após o ataque, surgiram indícios da participação dos autores em um fórum virtual conhecido como Dogolachan, um grupo de ódio na deep web - espaço da internet inacessível por navegadores comuns e com menos regulação.
O fórum já foi alvo de uma operação da Polícia Federal que resultou na prisão de Marcelo Valle Silveira Mello, apontado como um dos líderes. O mesmo foi condenado em dezembro pelo juiz federal Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, pelos crimes de associação criminosa, racismo, coação, incitação ao cometimento de crimes e terrorismo.
As investigações também seguem na linha para descobrir como os jovens tiveram acesso ao armamento utilizado no crime, em especial o revólver .38. O promotor Rafael Ribeiro do Val foi nomeado para atuar no caso. Os trabalhos estão sendo conduzidos pela Delegacia de Polícia Central de Suzano. Na quarta, os investigadores ouviram testemunhas e os pais dos autores.
Governo pagará indenização às famílias de vítimas
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou que o Estado vai pagar uma indenização às famílias das sete vítimas do ataque a uma escola de Suzano. A indenização será em torno de R$ 100 mil por vítima, mas o valor ainda está sendo definido, pago em prazo de 30 dias. Ao falar sobre o assunto, o governador paulista afastou a discussão sobre a flexibilização de armamento do ataque na escola. Doria ressaltou que a indenização é uma atitude do governo e não depende de ações judiciais. O pagamento será acertado com as famílias por meio da prefeitura de Suzano.
O Facebook como canal de comunicação
Cerca de 25 investigadores da Polícia Civil que atuam em Suzano, na Grande São Paulo, se alternaram para apurar, durante as últimas 24 horas, os motivos pelos quais dois atiradores mataram oito pessoas. O caso é investigado pela delegacia seccional do município com apoio de agentes da capital e da cidade de Mogi das Cruzes.
Uma das linhas de investigação atua sobre redes sociais e páginas de internet. Policiais afirmaram que os dois assassinos combinaram o ataque, nos últimos meses, através de mensagens diretas pelo Facebook. Eles teriam organizado a logística e a dinâmica de como a dinâmica de como agiriam, mas não teriam escolhido perfis semelhantes para serem as vítimas.
No diálogo via Facebook, segundo os investigadores, os jovens disseram que alugariam um carro e que se vingariam de pessoas que os fizeram mal. A mãe do mais novo afirmou, ontem, que ele sofria bullying na escola. A principal tese da polícia, nessas primeiras horas de investigação, é de que o crime, premeditado, foi motivado por raiva.
Frequentadores de um fórum anônimo na internet, utilizado para disseminar ódio, elogiaram a ação dos atiradores e os chamaram de heróis. Chegaram à polícia informações de que a dupla teria ido ao fórum para pedir ajuda sobre como cometer o crime, mas, segundo os policiais, a investigação não apontou para isso.
Outra linha de investigação aponta que Jorge Morais, 51, tio de Guilherme, foi morto pelo sobrinho porque descobriu o plano da dupla, sendo vítima, assim, de uma queima de arquivo do plano. Uma terceira hipótese seria de que o tio teria dado uma bronca nele, que ele não gostou, e resolveu se vingar.
Projeta
Todo o acontecido já iniciou debate entre os parlamantares quanto aos projetos de liberação e porte de arma, e ainda quanto a diminuição da maioridade penal.
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