quinta-feira, 25 de abril de 2024

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Brasil no G20: saiba o que Bolsonaro pode dizer em sua estreia

POR Jornal Somos | 27/06/2019
Brasil no G20: saiba o que Bolsonaro pode dizer em sua estreia
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Quatro temas de repercussão mundial devem dominar a agenda do encontro do G20, em Osaka, no Japão: a guerra comercial entre Estados Unidos e China, o combate às mudanças climáticas, a polêmica sobre o programa nuclear iraniano e as reformas necessárias para reforçar o livre comércio mundial.

 

O presidente Jair Bolsonaro fará sua estreia na reunião dos líderes das 20 maiores economias do mundo. Apesar da curiosidade em torno dele continuar, o Brasil só alcança espaço de protagonismo na discussão sobre meio ambiente, por possuir a maior floresta do mundo.

 

Com a proximidade entre os governos Bolsonaro e do americano Donald Trump, é possível que os EUA pressionem o Brasil a tomar partido em algumas das demais discussões. Embora, na prática, o impacto de um eventual apoio brasileiro seja mínimo, haveria um efeito simbólico.

 

 

  • Guerra comercial entre EUA e China

 

A guerra comercial entre as duas maiores potências do mundo tem impacto direto no Brasil, que tem a China como principal parceiro comercial e os EUA como o segundo.

 

A grande expectativa para o G20 está relacionada a uma agenda paralela entre Trump e o presidente chinês, Xi Jinping. Os dois líderes vão se reunir para negociar os rumos da guerra comercial travada desde abril de 2018, quando o americano anunciou aumento das tarifas sobre aço e alumínio importados da China.

 

Desde então, os dois países têm travado uma batalha que consiste em aumentos de impostos sobre importações e retaliações a empresas americanas e chinesas que operam nos seus territórios.

 

Essa briga tem a ver com dois fatores: disputa por protagonismo tecnológico e a preocupação dos EUA com o déficit do lado americano de cerca de R$ 3,4 trilhões por ano no comércio com a China.

 

Durante a campanha para presidente e quando era deputado federal, Bolsonaro fez diversas críticas à China, acusando o gigante asiático de estar "comprando" o Brasil.

 

Desde que tomou posse, o presidente tem se aproximado fortemente do governo Trump, sugerindo até a intenção de promover um alinhamento automático com os americanos.

 

Em março, Bolsonaro fez sua primeira visita de Estado aos Estados Unidos. Na ocasião, Trump disse, ao lado de Bolsonaro no Salão Oval da Casa Branca, "que a relação com o Brasil nunca esteve tão boa".

 

Ao final da viagem, o presidente brasileiro chegou a trocar seu bordão de campanha para incluir os EUA: "Brasil e Estados Unidos acima de tudo. Brasil acima de todos”.

 

Mas a relação com Trump e as críticas do passado em relação à China não se reverteram, até agora, em ações para restringir o comércio com Pequim. E Bolsonaro inclusive anunciou que pretende visitar a China no segundo semestre deste ano.

 

Mas será que o Brasil vai tomar partido se a crise entre EUA e China escalar? A tendência, segundo especialistas, é que o governo brasileiro se mantenha neutro. Até agora as declarações feitas por Bolsonaro sobre a guerra comercial foram no sentido de minimizar a disputa.

 

O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem sido mais explícito em garantir que o Brasil deverá adotar uma postura de neutralidade.

 

 

  • Livre comércio x protecionismo

 

Diante da guerra comercial entre Estados Unidos e China, a discussão sobre protecionismo e livre mercado será o principal foco dos debates coletivos entre os líderes das 20 maiores economias do mundo.

 

Bolsonaro indicou que se juntará às vozes que defendem as regras de livre comércio, embora tenha se aproximado fortemente do governo Trump nos primeiros seis meses de governo e, internamente, dado sinais de que pretende controlar preços da Petrobras.

 

Bolsonaro também reforça a intenção do Brasil de integrar a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e, ao abordar esse ponto, volta a se dizer comprometido com o livre comércio.

 

A OCDE é formada por um seleto grupo de países, a maioria desenvolvida e com grandes economias. Fazer parte dessa organização funciona como uma espécie de chancela de credibilidade internacional e de boas práticas comerciais.

 

 

  • Crise nuclear no Irã

 

A preocupação mais séria em relação à paz mundial vem da crise nuclear iraniana. Na semana passada, o Irã derrubou um drone militar americano, provocando uma escalada da tensão.

 

Segundo a imprensa dos EUA, o presidente Trump chegou a considerar a possibilidade de atacar a república islâmica, mas acabou optando por impor novas sanções econômicas ao país.

 

O Irã já está com a economia abalada desde 2015. A crise tem gerado pressões sobre o preço do combustível no mundo todo, já que o Irã é um dos maiores exportadores do recurso e tem tido dificuldade para vender seu produto por causa das regras americanas.

 

Desde então, os EUA vêm impondo barreiras econômicas ao Irã e punindo países e empresas que comercializam com aquela nação.

 

Bolsonaro não tem comentado sobre a escalada da tensão entre EUA e Irã, mas na prática, a forte aproximação do Brasil com Israel e Estados Unidos distancia nosso país de países árabes e do Irã.

 

Isso acaba com uma longa tradição de neutralidade da diplomacia brasileira. Durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva, o governo iraniano chegou a sugerir que o Brasil atuasse como mediador das negociações nucleares.

 

Mas, apesar de o governo brasileiro ter rompido com a tradição de neutralidade e se aliado a Israel, nenhum movimento foi feito no sentido de tomar partido quanto à atual disputa entre Irã e EUA sobre o programa nuclear iraniano.

 

 

  • Mudanças climáticas

 

Em artigo sobre os tópicos de discussão do encontro entre os líderes das 20 maiores economias do mundo, o primeiro-ministro japonês defendeu que seja dado amplo enfoque no estímulo de novas tecnologias que visem a reduzir o impacto negativo do homem sobre o clima global.

 

O Brasil deverá ser particularmente pressionado pelos demais membros do G20, por possuir grande parte da maior floresta tropical do mundo.

 

Segundo o professor de política econômica e desenvolvimento Diego Sánchez-Ancochea, da Universidade Oxford, a imagem internacional do governo Bolsonaro na área ambiental, em geral, não é boa.

 

O fato de os Estados Unidos também serem uma importante voz de ceticismo quanto ao aquecimento global poderá provocar uma divisão no G20 entre os que defendem mais ações de proteção ambiental e os que não consideram essa questão uma prioridade.

 

Em entrevista à BBC News Brasil, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que a mensagem que o governo Bolsonaro levará ao G20 é de que é preciso diversificar as atividades econômicas na Amazônia.

 

Segundo ele, é necessário oferecer alternativas de emprego e renda para a população da região, para que as pessoas não se sintam atraídas por atividades ilegais que gerem desmatamento.

 

Salles também disse que quer atrair investimento estrangeiro para abrir negócios dentro e no entorno da floresta. Entre as atividades que o governo pretende estimular estão mineração e exploração dos recursos hídricos da Amazônia para geração de energia.

 

O ministro também afirmou que o governo brasileiro deverá cobrar, no G20, que países ricos compensem o Brasil e o produtor rural pela preservação da floresta.

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